Mesmo esperando-se a confirmação de mais um caso atípico de Vaca Louca no Pará – no qual o animal pode apresentar sintomas de Encefalopatia Espongiforme Bovina (nome científico da doença) de forma espontânea, devido à idade avançada, como aponta a sintomatologia do caso registrado no estado do Pará – o Brasil corre o risco de deixar de faturar quase US$ 2 bilhões com as exportações de carne bovina à China.
A redação do portal A Granja Total Agro chegou a este número tomando como base outro recente caso isolado da doença, registrado em 2021, no estado de Minas Gerais, e o faturamento das vendas de carne bovina para o país asiático em 2022. Em 13 de janeiro, publicamos o faturamento das exportações totais de carne bovina de US$ 13 bilhões, em que a Abrafrigo, com base nos dados da Secex, atribuiu 60% do montante aos chineses.
Já, em 2021, as autoridades chinesas demoraram cerca de três meses para retomar as importações de carne bovina brasileira, mesmo seguindo o protocolo padrão, sabiamente reforçado pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. Cruzando-se as informações, chegamos facilmente ao valor aproximado de US$ 2 bilhões, o que não significa cravar que os embarques não serão compensados após a possível confirmação da variante inofensiva a humanos e outros bovinos.
O diagnóstico definitivo da doença é feito apenas após análises de amostras do sistema nervoso central do animal doente de nove anos de idade, que só devem chegar ao laboratório da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) – referência no setor – amanhã, em 24/02/2023, em Alberta, no Canadá, necessitando-se de mais alguns poucos dias para o resultado.
Agência de defesa divulgou caso de Vaca Louca no Pará dia 22/02
A Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará) informou no dia 22/02 que o animal pertence a uma pequena propriedade, com 160 cabeças, localizada em Marabá, sudeste do Estado, que permanece interditada até o resultado do exame.
“A sintomatologia indica que se trata da forma atípica da doença, que surge espontaneamente na natureza, não causando risco de disseminação ao rebanho e ao ser humano”, garante o comunicado divulgado pela Adapará. Também foi informado que o regime de alimentação do animal foi conduzido exclusivamente a pasto, descartando maiores riscos. O governo do Estado está em contato permanente com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e trata do tema com transparência e responsabilidade, segundo representantes do órgão.
Espera-se que a variante seja atípica
A doença da vaca louca pode se manifestar de duas formas: a variante clássica e a atípica. A clássica ocorre em bovinos após a ingestão de ração contaminada com príons, enquanto a atípica pode aparecer espontaneamente em todas as populações de gado, como o que foi observado no Brasil.
A versão atípica é considerada de ocorrência “natural e esporádica”, ou seja, ela provavelmente está presente em grandes populações de gado, mas em uma proporção muito baixa e só costuma ser identificada quando são adotados procedimentos de vigilância intensiva e em animais com idade avançada.