Na manhã desta quinta-feira (14), grupos ligados à Via Campesina Brasil ocuparam a sede da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja). Integrantes do movimento picharam e depredaram o imóvel em Brasília. Segundo os manifestantes, foram realizadas ações simbólicas no país. “Em denúncia ao atual contexto do aumento da fome no Brasil. O ato faz parte da Jornada Nacional da Soberania Alimentar: Contra o Agronegócio para o Brasil não passar fome”.
Repúdio
Em nota, a Frente Parlamentar da Agropecuária repudiou a ação. No título, já afirma que vandalismo deve ser punido com o rigor da Lei.
O documento ressalta a importância da agropecuária para os brasileiros. “O setor possui os melhores indicadores econômicos e sociais do país. Apresenta a maior geração de novas vagas de trabalho dos últimos 10 anos.”
Segundo o presidente da FPA, deputado Sérgio Souza, instigar a animosidade social é o que menos precisamos neste momento. “O Brasil tenta resgatar seu crescimento, a geração de empregos e renda, combater a fome e a miséria, ampliadas em virtude da pandemia mundial.”
Para ele, a divisão do Brasil não ajuda no desenvolvimento de “soluções e políticas que precisamos construir, com vistas a um futuro melhor, com diálogo e segurança”.
Impunidade
O diretor presidente da Aprosoja Minas Gerais, Fábio Salles Meirelles Filho, conta que os manifestantes estavam com cortadores de metal e arrombaram a porta. “Isso é para se ter conhecimento da impunidade total que acontece no País. Quebraram tudo, deixaram frases de agressão direta ao presidente da República.”
O produtor afirma que é o agro que sustenta o Brasil. “E a soja é só um produtos do agronegócio. É um despropósito essa agressão aos funcionários.” Ele se manifestou em vídeos nas redes sociais. Segue um deles:
Em sua conta no Twitter, o senador Luis Carlos Heinze afirma: “No país onde a liberdade de expressão é punida com prisão, marginais estão livres para destruírem o patrimônio público e privado”.
“Isso não é civismo, não é manifestar contrariedade. Trata-se de VANDALISMO com todas as letras. Temos o direito de mostrar indignação, mas com respeito ao espaço dos outros. Sem dúvida, uma ação vergonhosa, que remonta a um passado vermelho, que muito nos entristece.”
Luis Carlos Heinze
Segundo Heinze, atitudes como essa fogem à razoabilidade e devem ser combatidas. “Minha solidariedade às entidades atingidas e, em nome delas, a todos os produtores de alimentos do Brasil.” O parlamentar ainda publicou vídeo:
Já o advogado e ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo de Aquino Salles foi mais contundente. Veja a seguir:
Movimentos
Segundo o grupo, a ação “denunciou o protagonismo que o agronegócio cumpre no crescimento da fome, da miséria e no aumento do preço dos alimentos.” De acordo com Marco Baratto, da direção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a luta é contra “o modelo devastador” do agronegócio. “Queremos um outro modelo de agricultura, sustentável. Sem veneno, com diversidade produtiva, com controle popular dos meios de produção.”
Participaram da ação o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Também, a Pastoral da Juventude Rural (PJR), o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), a Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ) e o Movimento das Pescadoras e Pescadores Artesanais (MPP).
Fotos: Coletivo de Comunicação Via Campesina Brasil