Em entrevista concedida à emissora Jovem Pan nesta terça-feira (16), o vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado federal Evair de Melo (PP – ES), afirmou que o governo rompeu a ponte do diálogo com o agro.
Para ele, a presença de Geraldo Alckmin e de ministros de Lula ao evento do MST é uma “comprovação daquilo que nós já sabíamos: o governo Lula, pra chegar ao poder, fez pacto com esses milicianos terroristas e com o MST”.
Nas palavras do deputado, o MST “se apropriou do termo ‘reforma agrágria’, se apropriou do termo ‘agricultura familiar’ para poder legalizar os seus crimes”. Ainda de acordo com ele, é “como se o PCC fizesse as feirais comunitárias, aqueles almoços que eles fazem nos finais de semana, distribuísse brinquedos para crianças no Natal pra tentar justificar os seus crimes”.
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Sobre a presença de Alckmin ao evento, Evair afirmou que ele tem se revelado uma grande decepção para grande parte dos brasileiros. Ele afirmou que o vice de Lula erra ao dizer que há espaço para todos no campo, pois, segundo o deputado, “no campo não tem espaço para invasor de propriedade, não tem campo para quem está extorquindo produtores rurais, não tem espaço para quem destrói fazenda de pesquisa”. Ele conclui sobre Alckmin dizendo que prefere acreditar que o ex-tucano esteja “muito mal assessorado” ao invés de “mal intencionado”, pois “no campo não tem espaço para bandido”.
Na sequência, quando perguntado sobre a relação do governo com o MST, Evair afirmou que “não tem governo e não tem líder. O Lula tá se negando a trabalhar, o vice-presidente da República não está empoderado e cada ministério é uma ilha por si só”. Ele prosseguiu dizendo que “quando o governo é frouxo, o crime avança”. E afirmou também que o número de invasões de propriedades privadas este ano já está por volta de cinquenta e seis.
O entrevistador também questionou acerca de como se dará a relação entre a bancada do agro, que conta com mais de 300 parlamentares, e o governo. A isso, o deputado respondeu que “por não ter governo, não tem nenhuma relação política. Nos dois ensaios (…) no plenário da Câmara, o governo foi derrotado (PL 2630 e revisão do Marco do Saneamento)”. E prossegue afirmando que “com a insistência do governo em se juntar com esses milicianos, com esses invasores de terra, (…) o governo, que não tinha uma vida fácil, se complica a cada dia mais”.
“Eu pergunto: como sentar com Geraldo Alckmin? Como sentar com o ministro Fávaro (agricultura)? Como sentar com o ministro Paulo Teixeira (desenvolvimento agrário)?”, questiona Evair. E prossegue dizendo que, “se com diálogo já estava difícil, (…) o governo rompeu a ponte. Ainda tinha uma ponte, que era o diálogo, para que pudéssemos chegar em consenso. O governo coloca em risco a sua própria governabilidade (…) quando ele literalmente escolheu um lado”.
O deputado segue dizendo que após Lula “menosprezar a Agrishow, o que é um desconhecimento, uma ignorância assustadora” e voltar “a usar o termo ‘fascismo’ para os produtores do agronegócio” – que Evair afirma ter pensado ser era apenas “uma exaltada na campanha”, mas que, agora, demonstra ser o que o petista realmente pensa –, ele considera “que o governo acabou de derrubar a última ponte que tinha, que era a ponte do diálogo”. Ele diz, ainda, que não há mais “a legitimidade e a condição de negociar com quem (…) defende o Brasil, trabalha e produz”.
Evair conclui a sua fala afirmando que conversou com o presidente da FPA, Pedro Lupion (PP – PR) e que foi iniciada uma “ampla mobilização para reunir as entidades e mostrar o perigo que é esse governo (…), não mais só para o agronegócio, (porque) o que ele está fazendo com o agronegócio hoje, ele vai fazer com a indústria”. E diz também que, se o governo “deixa invadir propriedade privada no campo hoje, amanhã vai deixar invadir propriedade urbana” e que, por essa razão, eles estão “iniciando a ampla mobilização das entidades de classe, dos setores responsáveis, pra salvar o Brasil, nem que pra isso tenhamos que sacrificar o governo”.