Coluna Brasil de A a Z, escrita pelo zootecnista, mestre e doutor em Produção Animal, jurado de pista de Angus a Zebue proprietário da Brasil com Z – Zootecnia Tropical, William Koury Filho.
Caro leitor, escrevo esta coluna no final de janeiro; por quantos acontecimentos já passamos neste ano. Pois é, essa história de que o ano só começa depois do carnaval é balela; 2023 está a todo vapor e um tanto quanto conturbado. A política segue polarizada e, no aspecto climático, que também interfere muito no setor agropecuário, o fenômeno La Niña perde força, cedendo espaço para o El Niño – e, com as altas temperaturas, muita chuva caindo em grande parte do país, além de estiagem no Sul.
Deixemos a previsão do clima para os especialistas e vamos para o nosso tema: você sabe o que é melhoramento genético e sua importância na pecuária?
Pela definição clássica, melhoramento genético é o processo de selecionar ou de modificar intencionalmente o material genético de um organismo com o intuito de se obter indivíduos com características de interesse. São justamente essas características de interesse aquelas definidas pelos critérios de seleção a serem adotadas, ou seja, o que queremos melhorar no rebanho e qual o grau de importância que queremos dar a cada uma delas.
Para sermos efetivos no melhoramento genético, é importante utilizarmos boas ferramentas, que podem ser:
- Dados fenotípicos: coleta de peso, perímetro escrotal, idade ao primeiro parto, intervalo entre partos, características morfológicas (EPMURAS), dados de ultrassonografia de carcaça, eficiência alimentar com cochos tecnológicos. O importante é que o desempenho dessas características fenotípicas deve ser quantificado considerando os grupos de manejo, que são formados por idade, sexo e mesmas oportunidades na sanidade e nutrição. Assim, podemos comparar o desempenho de indivíduos com relação à média de seu grupo e identificar os melhores dentro da avaliação intrarrebanho.
- Avaliações genéticas: estimadas por programas de melhoramento e que dizem respeito à estimativa do valor genético real do animal, no qual os modelos matemáticos utilizados têm por objetivo isolar os componentes genéticos dos ambientais a partir de grupos de contemporâneos e, com isso, comparar diferentes rebanhos em uma mesma base. A ferramenta, nesse caso, são as DEPs, as Diferenças Esperadas na Progênie. Além das DEPs de cada uma das características avaliadas, todo programa propõe um índice, ou seja, a ponderação de diferentes DEPs com objetivo de identificar animais que possam somar, em um grupo, características que contemplem peso, habilidade materna, carcaça e características de fertilidade, por exemplo.
- DEPs genômicas: são estimadas considerando o desempenho fenotípico e, principalmente, através do genoma (marcadores moleculares), com objetivo de gerar DEPs com acurácias mais altas, traduzidas em maior confiança na estimativa do verdadeiro valor genético.
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Bem, as ferramentas foram apresentadas; agora, utilizá-las de maneira adequada depende de conhecê-las a fundo, assim como conhecer bem o seu rebanho e o mercado que quer atingir para, então, definir o objetivo de seleção e, com ele, também os critérios para que se atinja esse objetivo.
Para uma melhor definição de critérios de seleção, é importantíssimo conhecer os conceitos de interação genótipo-ambiente e de correlações genéticas entre as características, pois nem sempre os valores mais altos das DEPs ou índice geral são a melhor opção – deixo bem claro: NEM SEMPRE.
Amigos, o espaço dessa coluna ficou pequeno para destrincharmos melhor os temas colocados no parágrafo anterior, mas prometo esmiuçá-los melhor na coluna do mês que vem.
De qualquer maneira, fica a dica: conheça bem as ferramentas utilizadas para melhorar o desempenho e a lucratividade do seu rebanho. Não acredite em tudo o que ouve, pois existem muitos modismos e conceitos mal colocados pelo mercado. Isso aí, vamos que vamos!