Será que o cruzamento de um touro Bonsmara vai bem com fêmeas F1 Senepol/Nelore? Poderia aproveitar as filhas aqui no calor do RJ? Quais são as raças que posso usar nelas para continuar aproveitando as filhas como matrizes? Alan Silveira, Resende (RJ).
O cruzamento do touro Bonsmara com as fêmeas meio-sangue Senepol/Nelore é muito bem-vindo, pois essas fêmeas F1 Senepol/Nelore são 100% tropicais.
Ao utilizar o Bonsmara sobre elas, serão gerados animais com, aproximadamente, 70% de tropicalização (zebuínos + taurinos adaptados) já que podemos considerar que o Bonsmara possui o mesmo metabolismo que as raças bimestiças (Brangus, Braford, Canchim, Simbrasil, Santa Gertrudis).
Ou seja, o Bonsmara tem 62% de sangue de raças britânicas e 37% de sangue de raças tropicais (Africander). Dessa forma, os touros Bonsmara transmitirão 18,5% (da porção Africander que possuem no sangue) de tropicalização à progênie que, somados aos 50% de tropicalização transmitida pelas suas matrizes F1 Senepol/Nelore, gerarão animais com 68 a 70% de tropicalização, o que basta para terem pelo curto e possuírem metabolismo suficientemente baixo para suportar o calor do verão fluminense.
Para que produza novilhas de reposição, sugiro que use Braford e Brangus sobre essas fêmeas tricross Bonsmara/Senepol/Nelore, assim você gerará heterose com ótima adaptabilidade ao clima tropical úmido da sua região, produzindo animais com pelo zero. Sendo fêmeas, terão boa precocidade sexual; sendo machos, terão ótimo potencial de ganho em peso a pasto.
Se pretende fazer um cruzamento com outras raças bimestiças de maior porte, agregando peso final à progênie, lance mão de Canchim ou Simbrasil ou Santa Getrudis. São essas as raças que produzirão muito bem nas suas tricross, imprimindo carcaças volumosas na progênie.
Tenho vacas F1 Caracu/Nelore e também Sindi/Nelore. Com qual raça posso inseminar essas minhas fêmeas? Luiz Ferreira, Rio Branco (AC)
Mais uma vez, temos um exemplo de matrizes com 100% de tropicalização, ou seja, animais cruzados entre raças tropicais, como o Sindi, Caracu e Nelore. Matrizes como essas são magníficas para regiões tropicais úmidas como a região amazônica. Como sempre pregamos em nossas recomendações, todo bovino que pretende ser recriado a pasto no Brasil centro-norte deve ter, pelo menos, 50% de sangue de raças tropicais. No seu caso, como suas vacas são 100% tropicais, a melhor opção é inseminação com raças europeias.
Se pensar em pecuária de ciclo curto, com o objetivo de segurar as fêmeas F1 precoces para reposição do rebanho, não abra mão do uso do sêmen de Herefordou Angus. Caso queira manter a coloração do gado vermelho, o Red Angus torna-se boa opção, além do Hereford. Caso seu mercado esteja voltado para venda de bezerros e haja maior valorização pelo bezerro preto, use semen de Angus.
A fim de produzir animais de maior porte, recomendo o uso de sêmen de Simental ou Charoles nas suas fêmeas, visto que serão desmamados e abatidos sempre animais de bom porte e peso. Lembro que, no caso do uso do Simental, suas cruzas podem ser usadas como matrizes.
Caso tenha a intenção de usar touros de repasse, dê preferência aos taurinos adaptados, podendo ser ótima opção touros Senepol ou Bonsmara para uso nas vacas de maior porte Caracu/Nelore e touros Caracu para uso no repasse das suas vacas Sindi/Nelore. Com essa atitude, você estará usando o recurso da complementariedade na sua totalidade em termos de acasalamento de raças de portes diferentes, além de usar touros que trabalharão muito bem aí no Acre.
Texto extraído da coluna Zadra Responde, da Revista AG PEC. Para conhecer, clique aqui.