O Brasil tem grande potencial de liderar o movimento global para frear as mudanças climáticas — é o que aponta o novo estudo do Boston Consulting Group (BCG), intitulado “Brazil Climate Report 2022: Seizing Brazil’s Climate Potential”, que foi lançado durante o Brazil Climate Summit, evento realizado em recentemente na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, e que reuniu empresários e ativistas para discutir o futuro do meio ambiente.
A análise feita pelo BCG mostra que descarbonizar a economia mundial é essencial para evitar desastres naturais ainda neste século. Porém, para se atingir uma transição de zero-carbono, será necessário um investimento global de até US$ 150 trilhões em três décadas, ou até US$ 5 trilhões por ano até 2050. Arthur Ramos, diretor executivo e sócio do BCG, destaca que o Brasil já está no caminho para a liderança global.
“Já temos aplicadas diversas soluções climáticas em grande escala e com custo abaixo do mercado. Um exemplo é que a matriz energética do Brasil já é 85% renovável, versus uma taxa mundial de 26%. Já possuímos diversas vantagens em recursos naturais, agora é importante que investidores ajudem a destravar todo o potencial do país”, afirma o executivo. “Essa é uma vantagem para que o Brasil avance como ‘potência verde’ e se torne um fornecedor global de soluções e produtos sustentáveis”, completa.
Em relação ao segmento industrial, o relatório do BCG aponta que itens básicos para o mercado de construção, como aço e cimento, já vêm sendo produzidos de forma relativamente mais “verde” no Brasil — com baixo carbono e em escala, o que pode ser um grande atrativo para empresas que necessitem descarbonizar suas cadeias produtivas. Além disso, o país já emite 35% menos gases de efeito estufa na indústria de aço na comparação mundial, evitando, anualmente, 30 milhões de CO2 na atmosfera, e 10% menos gases de efeito estufa no mercado de cimento.
A agricultura é outro campo que tem potencial no âmbito de fornecimento de produtos sustentáveis. Segundo apurado pelo BCG, o Brasil pode ser líder em reflorestamento: o país dispõe de 17 milhões de hectares de ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta), o que representa quase duas vezes do tamanho de Portugal. Além disso, existem 36 milhões hectares de plantio direto, o equivalente ao tamanho da Alemanha.
Há, ainda, a agricultura regenerativa, amônia verde e proteína de baixo carbono, que elevariam o Brasil a um dos maiores exportadores de produtos como soja, suco de laranja, açúcar, carne e milho, podendo ampliar ainda mais a produção. “As oportunidade calcadas nos pilares de carbono, energia, agricultura e bens industriais sustentáveis reforçam ainda mais o Brasil como uma potência “verde” global.
As questões relacionadas ao clima são prioritárias para o BCG, por isso o lançamento do relatório em um momento de congregação de diversas lideranças foi de grande importância para os próximos passos do Brasil”, destaca Arthur sobre a participação no Brazil Climate Summit. O BCG será o Parceiro de Consultoria Exclusivo da COP27, que será sediada no Egito de 6 a 18 de novembro de 2022.