No dia 23 de outubro, comemoramos os exatos 50 anos de adoção e de pioneirismo do sistema plantio direto no Brasil, data em que Herbert Bartz se lembrava como aquela em que ele realizou o primeiro plantio de soja com a histórica plantadeira Allis Chalmers.
Marie Bartz
Várias têm sido as matérias e os eventos que temos abordado neste ano sobre a importância e o contexto histórico do plantio direto e do sistema plantio direto. Mas nunca é demais reforçar e trazer informações para o público, pois ainda há muito desconhecimento sobre toda essa grande revolução que aconteceu no Brasil. Experimentos em plantio direto aconteceram no final dos anos 1960 e no início dos anos 1970 em São Paulo e no Rio Grande do Sul. No entanto, estes não chegaram a tomar maiores dimensões e/ou disseminação.
Foi a partir de 1972, quando Herbert Bartz, que ficou conhecido como o “alemão louco de Rolândia que plantava no mato”, se lançou a plantar toda a sua área (200 hectares) de cultura de soja sob plantio direto que tudo começou a tomar forma. Bartz, pela sua persistência e teimosia extrema, contaminou outros agricultores com a sua ideia de cuidar e de proteger o solo, especialmente contra a erosão. Bartz tinha seu irmão Ulrich (Uli) Bartz como fiel escudeiro que, na época, comprou uma propriedade em Faxinal e, nos anos seguintes, replicou tudo que Bartz testava em Rolândia.
Esse processo de expansão e difusão do plantio direto foi se ampliando, tornando-se uma reação em cadeia iniciada na região norte central do Paraná (Rolândia, em 1972, Mauá da Serra e Faxinal, em 1974), seguindo para a região centro oriental do estado (Carambeí e Palmeira, os Campos Gerais, em 1976) e, então, sendo aderido nas outras regiões do estado, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.
Essa reação em cadeia foi um processo sem volta. Nele, nossos agricultores se organizaram na forma de clubes, contando com a ajuda de técnicos e profissionais que compartilhavam da ideia; foi quando o plantio direto evoluiu para o que chamamos hoje de sistema plantio direto, abrangendo três princípios: I. mínimo revolvimento do solo; II. manutenção de cobertura permanente do solo – viva ou morta; e III. rotação e diversificação de culturas. Todos devem ser seguidos para otimização e conservação dos recursos naturais e capitais e resiliência do sistema. Sobre esses clubes, falarei mais especificamente na próxima edição da coluna, pois merecem destaque.
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Nesta edição, quero particularmente trazer uma notícia que ressalta a importância de todo esse processo, que é genuíno nosso, do Brasil. No último dia 23 de outubro, comemoramos os exatos 50 anos de adoção e pioneirismo do sistema plantio direto no Brasil. Essa data foi a que Herbert Bartz se lembrava como aquela em que ele realizou o primeiro plantio de soja com a histórica plantadeira Allis Chalmers, importada dos EUA para plantio direto (No-Tillage) na lendária Fazenda Rhenânia.
Esse dia está sendo postulado como o Dia do Plantio Direto no Brasil. Já tramita nas últimas instâncias do Congresso Nacional e, em breve, será oficial. É de extrema importância o estabelecimento dessa data, uma vez que valoriza o trabalho e o esforço que os nossos agricultores, a pesquisa, a academia e as empresas realizaram, ao longo destes 50 anos, em prol do sistema plantio direto o qual mudou – de forma considerável – os rumos da agricultura brasileira.
Este nosso modelo de agricultura baseado no sistema plantio direto tornou-se uma referência para o mundo pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e que, desde 2000, considera ser a melhor forma de fazer agricultura, devido ao cuidado, à conservação e à proteção de nosso recurso solo.
Modelo esse também que foi considerado por Norman Borlaug, pai da Revolução Verde e que visitou o Brasil em várias ocasiões, como sendo a maior e mais importante revolução da agricultura no final do último milênio. Sim: o sistema plantio direto. E tudo isso é nossa história, de nossa agricultura, que merece ser lembrada, valorizada e repassada para as gerações vindouras. E porque nós da Família Bartz continuamos a difundir por onde quer que a gente vá, porque fazemos parte dessa história. E, da mesma forma, desafio você, leitor, a propagar esse nossa maravilhosa história!