O painel de abertura do RS Innovation Stage, palco do governo no South Summit Brazil, debateu qualidade de vida, fomento à sucessão rural e alimentos mais saudáveis. Realizado nesta quarta-feira (29), no Cais Mauá, o painel contou com a participação de Gestores de Inovação e Tecnologia (GITs), que apresentaram projetos vinculados à Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict).
Na sequência, a pauta do próximo painel foi meio ambiente e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), parte da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). O foco recaiu sobre a chamada “quíntupla hélice” da inovação, que insere o meio ambiente como ator junto ao governo, sociedade civil organizada, iniciativa privada e universidades.
O primeiro painel, intitulado “O agro nos ecossistemas do Inova RS”, tematizou projetos em algumas regiões cuja área estratégica é o agro, sobretudo em ações voltadas a pequenas propriedades rurais. De acordo com o GIT, Claudir Lari Padia, do ecossistema regional de inovação da Região Central, os projetos executados na quádrupla hélice regional são especializados em comunicação com o agro, food system innovation e bioinsumos. Os desafios são conectar toda a cadeia, do produtor rural até o consumidor na ponta final.
Na Região Noroeste e Missões, a professora da Sociedade Educacional Três de Maio (Setrem), Cinei Teresinha Riffel, que coordena um projeto aprovado no edital Inova RS 02/2022, ponderou que pequenas propriedades não têm a cultura da inovação arraigada, o que se apresenta como um desafio. O mote dos projetos capitaneados pela Setrem e pelos parceiros são ferramentas de controle biológico para reduzir o uso de agrotóxicos, proporcionado a produção de alimentos mais saudáveis.
Para Ana Paula Pessotto, que coordena o projeto Small Farm Hub (Produção e Norte), feito em parceria entre a Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões e o Sicredi Alto Uruguai, o investimento em tecnologias voltadas a pequenos produtores culmina em sucessão rural e beneficia diretamente não apenas os agricultores, mas a indústria e toda a cadeia de alimentos. “Quando as propriedades têm mais tecnologia, isso atrai mais os jovens também, fazendo com que eles continuem trabalhando na propriedade da família”, completa.
O agronegócio foi definido como área estratégica em seis dos oito ecossistemas regionais de inovação do Estado. Os aportes da Sict ao setor ultrapassaram R$ 38 milhões entre 2019 e 2022, e os investimentos do programa Inova RS para agrotecnologias somam R$ 3,07 milhões, divididos em 10 projetos.
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Alinhamento aos ODS
A adesão dos projetos do Inova RS à agenda 2030 da Organização das Nações Unidas foi tema do segundo painel do dia, às 10h, intitulado “Inovação e sustentabilidade nos ecossistemas regionais”. O GIT da Região Metropolitana e Litoral Norte, Fabricio Goulart, afirmou que, hoje, eles centram a construção de projetos no “ecocentrismo”, em oposição ao egocentrismo, em que apenas o ser humano está no centro dos processos. “Eu não vejo inovação sem falar em sustentabilidade”, define.
Para isso, os atores da quádrupla hélice do ecossistema da região buscam sensibilizar outras pessoas, com o objetivo de fortalecer ainda mais essa visão. Em perspectivas de futuro, Goulart enxerga a possibilidade de avançar na economia criativa e de vincular os 17 ODS a projetos transversais na área de saúde, também um dos temas estratégicos da região.
Conforme a GIT Produção e Norte, Bárbara Fritzen, o ecossistema regional já trabalha dentro do contexto da “quíntupla hélice”, que traz o meio ambiente como o quinto ator do conceito. “Relacionamos todos os projetos aprovados nos editais aos ODS da ONU para melhor visualizar de que forma eles impactam o ecossistema”, afirma.
Como a visão de futuro da região é ser referência em saúde e agro voltado às pequenas propriedades rurais até 2030, Bárbara explica que eles fomentam a consciência ESG (sigla em inglês para fatores ambientais, sociais e de governança) com pequenos agricultores.
Transformar dejetos de suínos em fonte de energia por meio do biogás é uma das estratégias de um projeto executado na região Noroeste e Missões, mencionado pelo GIT Cléber Graef. “Usamos um déficit ambiental para gerar valor, em um ciclo de economia circular”, comenta. Para o futuro, o desafio é se tornar referência em produção de energia sustentável, aliando as cooperativas que estão baseadas nas cidades que compõem o ecossistema de inovação.
O mediador do painel, Juliano Gimenez, da Universidade de Caxias do Sul (UCS), arrematou fazendo uma analogia entre movimentos em escala micro, que ecoam no macroambiente. “As questões se interligam. Os movimentos que fazemos aqui podem gerar impacto no outro lado do planeta”, disse.
RS Innovation Stage e South Summit Brazil
O RS Innovation Stage é o palco do governo do Rio Grande do Sul no South Summit Brazil. O espaço vai contar com mais de 150 speakers nos três dias de programação, somando 52 painéis e eventos, número significativamente superior aos 86 speakers da primeira edição, realizada em 2022.
Os tópicos compreendem principalmente a discussão de políticas públicas voltadas à inovação, a interiorização dos ecossistemas regionais de inovação e soluções em setores estratégicos, como educação, agronegócio, saúde e semicondutores. Também serão feitos lançamentos de dados e de plataformas, como a Rede RS Startup, e premiações, como a final do HackaTchê, maratona destinada a estudantes de escolas públicas.
Com o objetivo de fomentar o contato entre startups, empresas e fundos de investimento globais para gerar oportunidades de negócios e conexões de alto valor, o South Summit Brazil agrega as principais tendências e inovações que marcam o presente e o futuro da indústria nacional e internacional. O evento tem a correalização do governo do Rio Grande do Sul e acontece nos dias 29, 30 e 31 de março de 2023, no Cais Mauá.
Fonte: Governo do Rio Grande do Sul