Em editorial publicado nesta terça-feira (16), o jornal O Estado de São Paulo (Estadão) afirma que “Lula parece cada vez mais empenhado em deixar claro para o país que aquele líder de uma formidável ‘frente ampla pela democracia’ não passou de uma personagem que ele inventou para posar de pacificador de uma sociedade profundamente dividida”.
O jornal também fala que o petista se mostra “incapaz (…) de assumir suas responsabilidades como chefe de Estado e de governo, além de aumentar a aposta na radicalização”.
As críticas do Estadão a Lula ocorrem menos de dois dias após o fim da IV Feira Nacional da Reforma Agrária, promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na cidade de São Paulo entre os dias 11 e 14 de maio.
Leia mais: Lula chama organizadores da Agrishow de “fascistas” e “maus-caracteres”
Para o jornal, o evento foi uma afronta a “todos os que se preocupam com o respeito à ordem jurídica, em particular ao direito de propriedade”. “A feira foi pretexto para que o País inteiro visse que o MST conta com mais do que a simpatia da atual administração federal; conta com o endosso do governo Lula da Silva para seus modos truculentos de fazer reivindicações políticas, corriqueiramente afrontosos à Constituição.”
Durante o evento, diversos ministros de Lula, e até mesmo o seu vice-presidente Geraldo Alckmin, se fizeram presentes. O outrora adversário político de Lula, inclusive, chegou a ser chamado pelos presentes, conforme afirma o editorial, de “guerreiro do povo brasileiro”. Vale lembrar que o mesmo Alckmin, em 2017, afirmou que “depois de quebrar o Brasil, Lula quer voltar à cena do crime”. Na ocasião, o agora membro do Partido Socialista Brasileiro (PSB) havia sido oficializado como presidente do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e criticou o anúncio da pré-candidatura do petista à presidência da República.
Sobre a presença desses ministros e de Geraldo Alckmin ao evento “poucos dias após Lula em pessoa ter atacado empresários do agronegócio (…) chamando-os de ‘fascistas’”, o editorial diz que não há “dúvida de que o presidente usa o MST como mais um instrumento de sua vendeta pessoal contra um Brasil que não se deixa enrolar por sua lábia”. O evento também ocorreu às vésperas da CPI que visa investigar o MST e seus financiadores.
O editorial ainda diz que, antes mesmo do evento, Lula já deixara evidente a sua chancela às práticas “do grupo invasor de propriedades alheias” ao “levar a tiracolo o chefão do MST, o notório João Pedro Stédile, em sua viagem à China.” E vai além, afirmando que o petista também fez questão de que Stédile, a quem o jornal chama de “arruaceiro”, estivesse presente na foto com Xi Jinping. Em adição a isso, o Estadão relembra que, após chegar da China, Lula “incluiu o MST entra os membros do chamado ‘Conselhão’”.
Hino do MST
Sobre o evento em si, tem circulado nas redes sociais um vídeo que mostra os presentes no evento cantando o hino do MST e fazendo gestos sincronizados com o punho esquerdo cerrado. Confira-o abaixo: