Em entrevista concedida ontem (03) ao jornal Folha de São Paulo, a presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, afirmou que o PT já se articula para defender o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigará as invasões de propriedades privadas.
A petista afirmou sobre si e seu partido que “Estamos empenhados, sim, em proteger o MST (na CPI). Já conversei com Zeca (Dirceu, líder do partido na Câmara), com (José) Guimarães (líder do governo na Câmara) e outros deputados. Essa CPI é uma tentativa de criminalizar o movimento. Não vamos deixar acontecer”.
Na segunda-feira (1º), Gleisi já havia atacado, sem citar nomes, pessoas que dedicam suas vidas ao agronegócio. Em seu perfil no Twitter, ela disse: “Que história é essa de questionar a participação do MST no Conselhão?” e ainda afirmou que “Parte do agronegócio brasileiro está mostrando prepotência e radicalismo, partidarizando o setor”.
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O Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), chamado também de “Conselhão”, foi criado há 15 anos, durante o governo Lula 2, e serve como uma instância de assessoramento direto ao presidente da República.
Na noite do último sábado (29), um dia após ordenar a retirada do patrocínio do Banco do Brasil à Agrishow, Lula, por meio de seu ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, anunciou a participação do MST no Conselhão.
Todo esse empenho do PT em demonstrar ao país que o MST é seu aliado e está sob a sua proteção ocorre em pleno final do chamado “Abril Vermelho”, período no qual as invasões de propriedades privadas por todo o país foram intensificadas. Ao todo, apenas nos quatro primeiros meses de 2023 já ocorreram pelo menos 33 invasões de terra em todo o país. Esse número é três vezes maior do que o somatório de todo o primeiro ano da gestão do ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (2019), quando ocorreu um total de 11 invasões.
A CPI foi instaurada na noite da última quarta-feira (26) na Câmara. O autor do pedido foi o deputado federal Tenente Coronel Zucco (REPUBLICANOS – RS), que afirmou em seu Twitter que irá “pra cima para investigar quem financia e incentiva esses atos terroristas (do MST)!”.