John Clauser, um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Física em 2022, foi convidado a discursar no evento Quantum Korea, realizado em Seoul, capital da Coréia do Sul, entre os dias 26 e 29 de junho de 2023. Durante os minutos em que discursou, Clauser afirmou que “a verdade de fato só pode ser encontrada através da observação cuidadosa de fenômenos naturais” e que “boas observações sempre anulam teorias puramente especulativas”.
O cientista disse ainda que experimentos realizados de qualquer forma “são geralmente contraprodutivos e geram desinformação científica. Essa é a razão pela qual bons cientistas repetem cuidadosamente os experimentos uns dos outros”.
Dito isso, Clauser falou que considerava o evento “um momento oportuno para fazer observações cuidadosas sobre a natureza”. Isso porque, segundo o cientista, “o mundo atual está saturado por pseudociência, por uma ciência malfeita, por desinformação científica”.
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De acordo com Clauser, o mundo hoje está também repleto de “desinformação científica sendo aplicada para propósitos oportunistas. Homens de negócios que não pertencem ao campo das ciências, políticos, diretores de laboratórios nomeados por razões políticas e afins são facilmente enganados por desinformação científica. Às vezes eles próprios participam de sua origem (são as fontes primárias de desinformação científica)”.
Clauser pediu aos jovens cientistas da plateia para que observassem a natureza diretamente, por conta própria, para que eles mesmos pudessem determinar o que é a verdade de fato. E pediu também para que eles usassem “as informações adquiridas através de experimentos e pesquisas conduzidos com cautela para parar de espalhar desinformação científica por puro engano bem como por conta de fins oportunistas”.
“Cientistas bem-formados podem ajudar a resolver os problemas mundiais ao agirem como verificadores de fatos científicos. O problema dos verificadores de fatos, infelizmente, é determinar o que é verdade e o que não é.”
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Na sequência, Clauser afirma que “o mundo está saturado das percepções de terceiros acerca da verdade sendo empregadas como uma alternativa à verdade de fato. A percepção da verdade frequentemente difere significativamente da verdade de fato. Porém, com uma promoção e uma publicidade suficientes, a percepção da verdade se torna a ‘verdade’. Isso é o que uma empresa chamaria de ‘marketing’ (ou seja, entender o que o cliente quer para saber qual a melhor forma de vender o produto que você tem a oferecer).”
O cientista segue sua fala dizendo que quando essa publicidade é feita por um governo ou por grupos políticos, isso é chamado de propaganda. E afirma que, para quem está fazendo essa promoção, a percepção da verdade é a “verdade”, porque, “se você pode vendê-la (a sua percepção acerca da verdade), ela deve ser verdade. Se você não pode vendê-la, deve ser falsa”.
Seguindo em sua explanação, Clauser diz que essa percepção acerca da verdade é maleável e que você pode modificá-la, “você pode modificar a ‘verdade'” a qualquer momento caso não esteja conseguindo “vendê-la” ao público. “Você pode fazer uso de falsas observações se for necessário.”
Ele usou como exemplo para sua afirmação o Chat GPT, que é “repleto de pseudociência feita por homens que copiam e manipulam e emulam”. E disse ainda que “infelizmente nem os computadores e nem os humanos que fazem a verificação de fatos (fact checkers) podem, em geral, diferenciar a realidade da ficção, assim como não podem diferenciar a ciência da pseudociência. (…) A verdade de fato não é maleável e só pode ser encontrada através de observações cuidadosas.”
Em seguida, Clauser afirmou não estar sozinho na atenção que dedica ao que chamou de “perigosa proliferação de pseudociência”. O cientista, então, chamou de “grande erro” a criação de um novo painel feito pela Nobel Foundation dedicado a tratar do meio-ambiente, planejado, segundo Clause, logo após a Organização das Nações Unidas (ONU) lançar o seu Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC – International Panel on Climate Change). Para Clauser, “o IPCC é uma das piores fontes de desinformação perigosa que existe”.
“No passado, nós, cientistas, atuamos como árbitros para artigos de periódicos revisados por pares e revisamos os trabalhos uns dos outros a fim de prevenir a desinformação científica. (Mas) esse processo foi recentemente rompido e precisa ser recuperado de alguma forma.”
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Continuando com o seu discurso, Clauser disse aos demais cientistas que o “seu trabalho deve ser baseado em uma observação cuidadosa da natureza. Você deve se esforçar e reconhecer quando encontra um elefante na sala. E eu encontrei um elefante na sala recentemente que diz respeito às mudanças climáticas. Eu acredito que as mudanças climáticas não são uma crise.”
“A verdade de fato pode ser encontrada se, e somente se, você aprender a reconhecer e utilizar bem a ciência. E isso é especialmente verdade quando a verdade de fato é politicamente incorreta e não reflete interesses políticos ou o desejo dos líderes.”
E ele vai além, afirmando que “até mesmo a comunidade científica possa, eventualmente, ser iludida pela pseudociência. Lembre-se: se você quer que a pseudociência se torne verdade, basta repeti-la várias vezes e ela se tornará ‘verdade’.”
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O ganhador do Prêmio Nobel de Física afirma ainda que, para ele, houve um erro na observação dos fatores que conduziram à formulação da teoria acerca da crise climática e que tais fatores nunca foram suficientemente relevantes para se chegar à tal conclusão. Para ele, fatores de tão pequena dimensão não podem ser levados em consideração quando se pretende formular uma teoria dessa proporção, mas apenas fatores de dimensões muito maiores.
Clauser ainda afirma aqueles que promovem a ideia de que existe uma crise climática em curso no planeta jamais verificaram a veracidade disso por si próprios. E diz que, por conta de “sua falta de conhecimento científico permite que a pseudociência seja promovida com fins políticos oportunistas. (Mas) esses oportunismos são facilmente desmascarados e identificados se você realizar cálculos de grande magnitude nessa equação. (Basta aplicar) métodos estatísticos baseados em cálculo juntamente a uma boa dose de bom-senso”.
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Na sequência, o cientista avisa os seus ouvintes dizendo “cuidado: se você está fazendo ciência de verdade, isso vai levá-lo por um caminho que é politicamente incorreto. E se você é um bom cientista, você vai seguir por esse caminho.”
Por fim, Clauser encerra a sua fala afirmando não ter o tempo necessário para discutir a questão naquele momento, mas que pode “afirmar com segurança: não existe uma crise climática real e as mudanças climáticas não causam eventos climáticos extremos. Obrigado”.
Confira o discurso na íntegra, em inglês, através do vídeo abaixo:
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Também vejo assim. Clauser foi direto ao ponto: ao observar a natureza, particularmente, elementos e movimentações celestiais, é possível se verificar a imensidão de fenômenos que jamais o ser humano poderia intervir. E é a partir dessa premissa, que Clauser, (e não somente ele) faz a abordagem da visão política e midiática de crise climática. E, como ele mesmo diz “é a verdade produzida”.