O mercado brasileiro de trigo mantém a lentidão no ritmo dos negócios.
Segundo o analista de Safras & Mercado Elcio Bento, os produtores seguem com as atenções voltadas para o desenvolvimento das lavouras e para os trabalhos de colheita.
“Na outra ponta, os moinhos seguem na defensiva e entram no mercado apenas quando o vendedor chega aos preços ofertados”, disse.
Colheita em quase 15%
A colheita das lavouras da safra 2024 atingiu 14,6% da área estimada nos oito principais estados produtores do Brasil (Goiás, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso do Sul que representam 99,9% do total), conforme levantamento semanal da Conab, com dados recolhidos até 8 de setembro.
Na semana anterior, a ceifa estava em 11,6%.
Em igual período do ano passado, o número era de 17,9%.
Paraná tem safra menor
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório semanal, que a colheita da safra 2023/24 de trigo do estado atingiu 18% da área estimada de 1,155 milhão de hectares.
Ela deve ficar 18% abaixo dos 1,415 milhão de hectares cultivados em 2023.
Segundo o Deral, 31% das lavouras apresentam boas condições, 36% situação média e 33% ruins, entre as fases de crescimento vegetativo (5%), floração (9%), frutificação (35%) e maturação (51%).
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Em 2 setembro, a colheita tinha 11% dos trabalhos concluídos, com 36% das lavouras em boas condições, 36% em situação média e 28% ruins, nas fases de crescimento vegetativo (8%), floração (13%), frutificação (36%) e maturação (43%).
RS em fase reprodutiva
A maior parte das lavouras de trigo do Rio Grande do Sul encontra-se em fase reprodutiva.
A ocorrência de chuvas de intensidade variável, mas abrangentes, restaurou os níveis de umidade do solo, favorecendo igualmente o crescimento e a formação de espigas e grãos.
Antes das chuvas, foram identificados sintomas iniciais de deficiência hídrica em algumas regiões, mas sem comprometer significativamente o desenvolvimento das lavouras.
Nos dias subsequentes, a radiação solar e as temperaturas mais baixas foram mais favoráveis para os cultivos de trigo.
Contudo, a persistente nebulosidade, causada pela dispersão de fumaça das queimadas no Norte e Centro-Oeste do Brasil, reduziu a incidência de luz solar nas lavouras do estado, atenuando o efeito positivo da insolação no desenvolvimento das plantas.
A avaliação das áreas afetadas pelas geadas, ocorridas na segunda metade de agosto, revelou impactos leves nas plantas em estágio reprodutivo e efeitos mínimos sobre o potencial produtivo.
A expectativa de rendimento estadual permanece inalterada.
Os tratamentos fitossanitários prosseguiram, e o foco está no controle de doenças associadas às variações ambientais e ao ciclo das lavouras, como manchas e ferrugens, em condições de maior umidade, e oídio em condições mais secas.
Nas lavouras em fase reprodutiva, a doença giberela demanda ações preventivas adequadas.
A área cultivada, conforme dados da Emater/RS-Ascar, é de 1.312.488 hectares, e a produtividade prevista está em 3.100 kg/ha.
Argentina
A heterogeneidade na frequência e na distribuição das chuvas começa a acentuar a diferença entre as condições das lavouras de trigo da Argentina.
Segundo a Bolsa de Buenos Aires, o aumento gradual das temperaturas começa a acelerar a transição entre as fases do desenvolvimento e eleva a demanda por umidade tanto atmosférica como do solo.
Assim, as áreas que não receberam chuvas começam a entrar nas etapas críticas em condições abaixo do ideal.
Nas regiões que receberam chuvas, os produtores realizam a refertilização.
Conforme a Bolsa, as principais regiões produtoras estão com boas condições.
A área é estimada em 6,3 milhões de hectares.
No ano passado, foram plantados 5,9 milhões de hectares.
Fonte: Safras & Mercado