Os dados do relatório de oferta e demanda do USDA, divulgados na semana passada, foram dentro das expectativas de mercado, com leves quedas na estimativa de safra norte-americana e manutenção da safra brasileira e argentina.
E a semana foi marcada pela chegada das chuvas em várias regiões do Brasil, porém, em muitas delas, ainda insuficientes para iniciar o plantio.
Já o ritmo da colheita americana avançou significativamente, ficando 10% acima do mesmo período do ano passado e 13% acima da média dos últimos cinco anos.
Esse cenário pressionou negativamente as cotações em Chicago.
O contrato de soja para novembro encerrou a semana a US$ 10,05 o bushel (-3,18%).
E o contrato com vencimento em março de 2025 também fechou em queda, de 3,36%, a US$ 10,35 o bushel.
O mercado físico brasileiro seguiu a mesma tendência de queda, mesmo com a alta significativa de 2,93% do dólar, que encerrou a R$ 5,62.
Clima no Brasil
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) indica que as chuvas devem se espalhar pelo Brasil Central nesta semana, com maior intensidade sobre o Rio Grande do Sul.
No Mato Grosso, espera-se precipitação de maneira geral, com volumes mais baixos na região leste e chuvas mais intensas no noroeste.
Com isso, o acumulado de chuvas pode encorajar muitos produtores a iniciarem ou aumentarem o ritmo da semeadura.
Mais sobre a oleaginosa em Plantio da safra brasileira de soja segue atrasada
Comercialização
Segundo a ferramenta de Inteligência de Mercado da Grão Direto, os meses de junho e julho registraram, até o momento, o maior volume de negociações para entrega em março de 2025.
Agora, observa-se um aumento nas vendas de soja para entrega em abril de 2025, impulsionado principalmente pelo atraso no plantio da safra 2024/25.
O ritmo de comercialização para os meses de abril e maio de 2025 devem aumentar daqui pra frente, à medida que o plantio for evoluindo.
Considerando o contrato de novembro da soja cotada em Chicago, na semana anterior houve uma volta até próximo da região dos US$ 10/bushel, ponto importante para analisarmos o comportamento quando atingir este patamar.
Caso perca os US$ 10, poderemos ter um recuo até as mínimas do ano praticadas em agosto, próximo dos US$ 9,55.
Se o preço conseguir se sustentar acima dos US$ 10 é provável que ocorra um teste das máximas de setembro, perto dos US$ 10,70.
Cessar-fogo no Oriente Médio?
Na semana passada surgiram rumores de que o Hezbollah poderia aceitar um cessar-fogo em seu conflito com Israel.
Embora essa informação não tenha sido confirmada, ela teve um impacto significativo no mercado, resultando em uma forte queda nos preços do petróleo, que afetou toda a cadeia de commodities, incluindo a soja.
Mesmo diante dessas especulações, Israel começou a planejar uma possível retaliação, o que pode reacender a tensão e a destruição na região.
Especialistas alertam que, infelizmente, esse conflito ainda está longe de uma resolução.
Com isso, o mercado de grãos continuará a ser afetado devido à importância da região na produção de petróleo mundial.
Em síntese, segundo análise da Grão Direto, o mercado permanecerá atento ao progresso do plantio no Brasil, que, apesar do atraso, é avaliado de maneira positiva.
Dessa forma, a semana poderá ser marcada por uma desvalorização em Chicago, com possíveis reflexos no Brasil.
Fonte: Grão Direto