O programa de melhoramento genético de forrageiras conduzido pela Embrapa desenvolveu a primeira cultivar de Urochloa ruziziensis ou Brachiaria ruziziensis, como o capim era denominado cientificamente. Essa cultivar foi desenvolvida para as condições de solo e clima no Brasil e recebeu o nome de BRS Integra por se destinar aos sistemas de Integração Lavoura, Pecuária e Florestas (ILPF).
Entressafra
Segundo o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Fausto Souza Sobrinho, que conduziu os estudos, comparada à cultivar atualmente disponível no mercado (cv. Kennedy), a BRS Integra apresenta maior produção de forragem na entressafra, quando o capim está solteiro na área. “Esse diferencial, no período de seca, torna a cultivar mais indicada para a ILPF, podendo contribuir com o aumento de produtividade desses sistemas”, explica.
Antes da BRS Integra, a cv. Kennedy era a cultivar de ruziziensis existente no mercado de sementes forrageiras. O problema é que ela não fora desenvolvida especificamente para as condições edafoclimáticas (solo e clima) brasileiras. Para o pesquisador, apesar de ter boa adaptação às diferentes condições ambientais do País, a cultivar Kennedy apresenta menor produção de forragem se comparada a cultivares de outras espécies de braquiária como a brizantha ou a decumbens.
Ao manter a produtividade alta no inverno, a BRS Integra pode ser aproveitada tanto como forragem para alimentação do gado na entressafra, quanto como palhada para o próximo plantio das lavouras.
O cientista explica ainda que, embora a brizantha e a decumbens possuam maior área cultivada no País, a ruziziensis vem aumentando seu espaço com o incremento do ILPF. “A espécie tem sido muito utilizada nesses sistemas devido à sua melhor adaptação à sobressemeadura em relação às demais.”
Sensibilidade a herbicidas
Também pesquisador da Embrapa, Alexandre Brighenti aponta outra vantagem. “A ruziziensis é mais sensível a herbicidas, demandando doses mais baixas na dessecação pré-semeadura de cultivos em sistemas de plantio direto.”
Além disso, a produção de sementes da espécie é uniforme, pois só floresce uma vez por ano, tornando o seu controle mais fácil. O novo nome da Brachiaria: Urochloa Originária da África, a planta tem boa adaptabilidade a solos de baixa fertilidade e a diferentes climas e latitudes, além de apresentar agressividade na competição com plantas daninhas e proporcionar bom desempenho animal.
Essas qualidades fizeram do gênero braquiária quase um sinônimo de pastagem. Cultivada em regiões tropicais, a gramínea possui uma centena de espécies. Além da ruziziensis, outras bastante conhecidas e utilizadas no Brasil são decumbens, brizantha e humidicola.
Gênero
De um total 180 milhões de hectares de pastagens no País, 80% pertencem ao gênero Brachiaria. Ou pertenciam. Recentemente, os cientistas reclassificaram quase todas as braquiárias para o gênero Urochloa.
A reclassificação segue critérios taxonômicos (normas de classificação) cuja função é organizar vegetais e animais, facilitando o estudo e a identificação dos organismos vivos. Dessa forma, cada planta ou animal ganha nome (gênero) e sobrenome (espécie), mas mudanças podem ocorrer para facilitar o trabalho dos cientistas.
Foi o que aconteceu com a Brachiaria. No entanto, por questões legais, desde a última reclassificação taxinômica, a nomenclatura científica para o “capim braquiária” passa a ser “Urochloa (sinonímia, Brachiaria)” ou “Brachiaria (sinonímia, Urochloa)”. A sorte é que, para o produtor, nada muda e a “brachiaria” pode continuar sendo chamada de braquiária.
Lançamento
A braquiária BRS Integra será lançada às 18h no dia 24 de março pelo canal da Embrapa no Youtube e pela Rede de Pesquisa e Inovação em Leite ( RepiLeite ). As sementes estão disponíveis para a compra por meio da Unipasto .