Um episódio marcante tratado nas páginas da Revista AG PEC, em 2012, mostra a importância da adaptabilidade, pois representou a derrocada dos grandes campeonatos como diferenciais para contratação de touros pelas centrais de inseminação artificial.
Isso aconteceu porque a pista de julgamento destoava da realidade da pecuária brasileira a pasto, onde a genética dos campeões seria, realmente, replicada. Hoje, novas perguntas são feitas, mas as dúvidas continuam as mesmas: o que é adaptabilidade? Pra que serve?
A adaptabilidade é determinada pela habilidade de sobrevivência e reprodução de um animal num ambiente específico, assim como pela capacidade de um organismo, população ou raça de se ajustar fisiologicamente a um ou a uma ampla variedade de ambientes.
Sendo um pouco mais didático, não é porque o reprodutor é bom em uma fazenda que sua progênie vai alcançar maior ganho em peso e rendimento de carcaça em qualquer outra. Depende de alguns fatores.
Além do potencial produtivo que carga em sua genética, é necessário avaliar como ela vai interagir com as condições edafoclimáticas da região onde se encontra a propriedade onde vai nascer a bezerrada.
É importante ressaltar que existe um limite de resistência aos efeitos do ambiente, que pode gerar uma anormalidade funcional temporária, dependente da duração, intensidade e retorno ao estado de equilíbrio.
Quando há uma transição para um novo ambiente ou até mesmo uma alteração nele, a capacidade de adaptação ao ambiente anterior é reduzida. Isso resulta em uma mudança no limiar de resistência e/ou tolerância, o que afetará diretamente o desempenho da criação.
Se avaliar apenas o estresse pelo calor, ele causa uma alteração na temperatura corporal e cada genótipo possui uma forma diferente de regular. A seleção natural manterá, num determinado ambiente, a combinação de genes responsáveis pela adaptação a este meio.
Um bom exemplo disso são os animais de raças zebuínas, que são mais tolerantes ao calor em decorrência do seu processo evolutivo. Eles possuem boa habilidade termorregulatória decorrente do tipo de pelame e do número de glândulas sudoríparas, bem como funcionalidade delas, além de maior superfície corporal para dissipar calor.
Desafios em relação à adaptabilidade
Existem dois grandes desafios naturais enfrentados pelos novos sistemas de produção que geram uma controvérsia para o melhoramento genético e a seleção de animais. O primeiro é a necessidade de aumentar a produtividade por meio da intensificação dos processos e do aumento da carga animal, o que exigiria mudança de ambiente e uso de genética de alta eficiência produtiva.
O segundo é o oposto a isso: a criação extensiva em zonas marginais, de menor valor. Neste caso, o ambiente deve ser mais natural e há uma necessidade de animais com maior adaptação às condições de estresse típicas dessas regiões. Para entender a diferença entre adaptabilidade e ambiência e como isso impacta seu bolso após a compra ou venda de novos reprodutores, leia a edição 268 da Revista AG PEC.