Em 2040, uma das dez grandes megatendências é o apagão de mão de obra na pecuária. A falta de pessoas qualificadas, no Brasil, chegou a 81% em 2022, o que representa o maior patamar nos últimos dez anos, segundo pesquisa da Man-Power-Group. A pandemia da Covid-19, que tirou inúmeras vidas, gerando também prejuízos econômicos incalculáveis, trouxe outro problema: a evasão escolar, algo que cobrará seu preço futuramente.
“Especificamente, quanto nos referimos ao apagão de mão de obra, uma proporção de 84% da população brasileira já é urbana no Brasil. Essa tendência se acentuará. A forte injeção de automação irá reduzir esse impacto e alterará o perfil de pessoas necessárias na atividade. O maior desafio será qualitativo. Os enormes avanços tecnológicos, como a IoT, a maior complexidade do manejo, na busca de saltos produtivos, como a introdução crescente da ILPF e o foco em gestão exigirão profissionais capacitados e raros na pecuária. Adicionalmente, a alta rotatividade de gente especializada no campo faz com que produtores sintam-se desestimulados a oferecer treinamentos”, aponta Guilherme Malafaia, pesquisador da Embrapa Gado de Corte.
Na avaliação de Malafaia, a falta de mão de obra já abala cadeias de suprimentos de alimentos no mundo todo. Quer se trate de peões de fazenda, trabalhadores de frigoríficos, caminhoneiros, varejistas, assadores, chefs de cozinha, o ecossistema global de carne bovina sente a pressão da escassez. As cadeias de suprimentos são impactadas e alguns empresários necessitam elevar os salários, o que, de uma forma ou de outra, acaba impactando no preço final do alimento.
Segundo ele, muitos produtores têm tido dificuldade em adotar novas soluções tecnológicas, pois não há profissionais com a qualificação necessária para lidar com as várias informações e inovações oferecidas por essas soluções.
Apagão de mão de obra na pecuária já atinge profissão essencial
Já Jaqueline Lubaski, pedagoga, jornalista e consultora de gestão de pessoas no agronegócio, informa que, a partir das ‘andanças’ realizadas em dez estados diferentes, a principal demanda, na bovinocultura de corte, é por um cargo em especial: especialista na lida de gado: os chamados vaqueiros, campeiros ou capatazes.
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“Já estamos, há alguns anos, com o aumento de déficit, porque formar um vaqueiro após os 18 anos é muito difícil. Nos últimos dois anos, a situação se agravou ainda mais com o aumento da procura, devido à maior produção de carne bovina. Estamos competindo com nós mesmos. Antes, perdíamos para a construção civil; hoje, perdemos para a agricultura, muitas vezes dentro de casa. Os vaqueiros deixam de ser vaqueiros para serem operadores ou tratoristas devido à maior valorização e também porque o conforto é maior”, destaca a especialista.
Leia a matéria completa na Revista AG PEC nº 263, de Fevereiro de 2023.
3 Comentários
Moro em uma fazendinha ….me enquadro na agricultura familiar, eu e meu marido tiramos um pouco de leite e criamos um pouco de gado… não é fácil arrumar alguém para roçar pasto…ajudar com alguma coisa…nada….mas meu maior problema são conseguir levar meus dois filhos para escola… estradas ruins…todo dia eles chegam atrasado….a gente parece ser esquecido pelo poder público…. espero que eles arrumem emprego na cidade e fiquem por lá…. na roça não dá mais….quero me aposentar e ficar por lá também… cansei.
Ja esperimentaram pagar igual as outras profissoes ?
Flávio seu comentário é grosseiro de pessoas que não vive a realidade no campo, o agricultor familiar muitas vezes não tem renda nem para ele próprio ter uma vida digna, e tem necessidade enorme de mão de obra braçal para as atividades do campo o que se acentua cada vez mais com a idade avançada do casal e o êxodo dos filhos para a cidade. Realidade do campo da perpetuação das grandes empresas agrícolas e a vida curta do pequeno empreendimento rural.