O Brasil é o maior exportador mundial de tabaco. A produção, concentrada no Sul do Brasil, gerou divisas de mais de US$ 2,7 bilhões em 2023. Entretanto, durante a COP10, que acontece essa semana no Panamá, o embaixador brasileiro, Carlos Henrique Moojen de Abreu e Silva, sugeriu a redução no cultivo do fumo.
Anualmente, desde 2003, a reunião chamada Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o controle do tabaco, discute questões relacionadas ao consumo de cigarro e os impactos à saúde. Mas ano após ano as principais mudanças sugeridas na conferência dizem respeito ao setor produtivo.
As entidades representativas da atividade no país reagiram à declaração. O SindiTabaco reclamou da impossibilidade de acompanhar a reunião – fechada inclusive para autoridades governamentais dos estados do Sul, parlamentares e imprensa. Parlamentares impedidos de entrar na reunião também assinaram a nota de repúdio.
No documento, o sindicato afirma que ao reforçar a necessidade de medidas para redução da produção de tabaco, o governo brasileiro, representado no evento pelo diplomata, vai na contramão de um importante pilar da economia milhares de brasileiros. “Falar em redução de área plantada é um total contrassenso considerando toda a organização da cadeia produtiva que é chancelada, inclusive, pelo MAPA, e a posição de liderança do Brasil no mercado mundial de produção e exportação de tabaco”, comenta o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke.
O dirigente afirma ainda que ouviu previamente, inclusive de representantes do Governo Federal, de que a cadeia não precisava se preocupar. “Entretanto, ao sugerir a diminuição da área plantada, o aumento de impostos e a proibição dos DEFs (dispositivos eletrônicos de fumar), os impactos serão sentidos em toda a cadeia produtiva”, reforçou Schünke.
O que diz o MDA
O Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) reafirmou oficialmente o posicionamento feito por seu representante no sentido de retomar o Programa de Diversificação de Cultivos em Áreas Produtoras de Tabaco.
“Reconhecemos a importância do tabaco como fonte de renda para muitos agricultores familiares em nosso País, especialmente nas regiões Sul e Nordeste do Brasil, onde a produção de folhas de fumo é significativa”, diz a nota oficial do Ministério.
Desde 1993, o Brasil permanece na liderança como maior exportador de tabaco do mundo. Segundo o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC/ComexStat), o Brasil embarcou 512 mil toneladas de tabaco em 2023, o que gerou divisas de US$ 2,729 bilhões.
Ao todo, 107 países compraram o produto, tendo a União Europeia em destaque com 42% do total embarcado, seguida de Extremo Oriente (31%), África/Oriente Médio (11%), América do Norte (8%) e América Latina (8%). Bélgica, China, Estados Unidos e Indonésia continuam no ranking de principais importadores.
A participação do tabaco nas exportações foi de 0,80% no Brasil, 4,51% na Região Sul e, no Rio Grande do Sul, estado que é o maior produtor, chegou a 11,19%.
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