Produtores rurais de Bagé, no Rio Grande do Sul, reuniram-se no trevo de Hulha Negra/RS nesse sábado (28) para reivindicar a paz e a segurança no campo em vista da possibilidade de invasão de terras na região causada pelo acampamento armado há pouco mais de uma semana nas redondezas das duas cidades, que são vizinhas, por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). E o ex-presidente Bolsonaro conversou por ligação com os presentes, afirmando acreditar no povo, dizendo que Deus é brasileiro e lamentando que parlamentares que deveriam estar ao seu lado tenham ajudado o Partido dos Trabalhadores (PT) a desmobilizar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava os atos e financiadores do MST.
“O MST não operou em nosso governo”, disse o ex-presidente, atribuindo a paz no campo alcançada por sua gestão à sua política armamentista e à vasta titulação de terras realizada durante o seu mandato.
Bolsonaro ainda comentou sobre as eleições de 2022, afirmando que “houve aquela tragédia no ano passado (Lula ser declarado presidente) que ninguém entende” e explicando que “time de futebol pode ser campeão sem torcida, agora presidente sem povo é a primeira vez”. A fala faz alusão ao fato de Lula evitar o contato com o povo – tendo inclusive mandado esvaziar uma praia do rio Tapajós, no Pará, para descansar sem ser incomodado em agosto deste ano -, ao passo que Bolsonaro é ovacionado por onde passa, de Norte a Sul do país, inclusive nos estados onde o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontou vitória de Lula, como no Ceará e no próprio Pará.
Deputada Adriana Lara
Em outro momento, a deputada estadual Adriana Lara (PL/RS), tomou a palavra e afirmou que “tempos sombrios estão por vir, mas tempos difíceis fazem homens e mulheres fortes”. Lara é natural de Bagé.
Na sequência, ela ainda disse que, “quando é necessário defender o óbvio, como a propriedade privada e a vida, (é porque) algo de muito podre está acontecendo”. Sobre isso, a deputada explicou que, hoje, o Brasil corre o risco de ver o maior genocídio de sua história ser legalizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) “por meio de uma agenda cultural de esquerda que promove a morte de crianças no ventre materno”.
Gedeão Pereira
O presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, comentou sobre a atual situação dos produtores rurais afirmando que “se (os petistas) ganharam no voto ou se foram colocados (lá), não sabemos e talvez nunca venhamos a saber, mas o fato é que estão lá (…) e o que nos sobra é a nossa unidade, a nossa união. Temos que estar unidos sob qualquer circunstância.”
Deputado Zucco
O deputado federal Zucco (REPUBLICANOS/RS), que presidiu a CPI do MST em Brasília e criou a Frente Parlamentar Invasão Zero na capital federal, afirmou que, juntamente aos produtores, não permitirá que ocorram invasões de propriedades privadas e que é inadmissível que o MST decida sobre se uma terra tem função social ou não.
Deputado Capitão Martim
Quem também participou do ato foi o deputado estadual Capitão Martim (REPUBLICANOS/RS). Em sua fala, ele recordou que, quando tinha 14 anos, nos anos 1990, participou do boicote à Expointer para “impedir que o movimento criminoso MST fosse posto para dentro da feira”.
Na sequência, disse ainda que “o MST é uma organização criminosa e quem respalda criminosos também é criminoso e infelizmente não se poderia esperar nada diferente de um ex-presidiário que voltou ao poder”, fazendo referência a Lula. E prosseguiu, afirmando que, “apesar disso (do retorno de Lula), no ano que vem conquistaremos mais espaços (nas eleições municipais)”. O deputado é um dos representantes da Frente Parlamentar Invasão Zero no RS.
Depoimento
Flávio Cantão, produtor rural da região, contou que “o modo de ação deles (MST) está sendo feito como foi no passado: eles montam um acampamento para ter uma estrutura logística e do acampamento é que partem as invasões”. E prosseguiu afirmando que “mais uma vez está se montando um acampamento e mais uma vez há o perigo de incendiar toda a nossa linha de fronteira como no passado”.