Bezerro bom custa caro, e quem faz recria – e pensa em ser eficiente -, precisa comprá-lo. Essa é a lei. Há quem consiga adquiri-los a preços mais em conta, são os chamados “garimpadores de bezerros”. Sua ocupação é descobrir crias desmamadas baratas.
Quem na deles embarca, não raro, abre uma sangria no caixa da propriedade e não a consegue estancar tão fácil. Afinal, são animais que dificilmente correspondem às expectativas de desempenho e não ganham, sequer, o mínimo peso necessário para se tornarem rentáveis.
Lição
Ter conta cara a pagar sem ter bezerros eficientes com que contar é um cenário que, quem visitou, não quer voltar. Mas que também serviu de lição aos que aproveitaram para subir alguns degraus na escada (ou escalada?) tecnológica pecuária. O movimento ganhou impulso após a valorização da cria, atividade que, até pouco tempo, era considerada o “patinho feio” do ciclo.
Hoje, frequentemente, vemos garimpadores de eficiência na cria investindo fortemente em inseminação, em touros, em gestão, em nutrição, em renovação de pastagens, em mão de obra, em máquinas, em infraestrutura, em treinamento etc. São eles que realmente estão ganhando dinheiro com a atividade.
Mas o que é efetivamente ser um bom produtor de cria? Como ser um pecuarista vendedor, comprador ou autofornecedor de bezerros com o preço dos insumos nas alturas como efetivamente estão? Como aumentar o peso dos bezerros na desmama, ampliando o ganho médio diário paralelamente à intensificação da produção e do uso da terra?
Desempenho
Além disso, como avaliar o desempenho da cria com relação ao da própria mãe? De que forma é possível ter vacas mais eficientes, que emprenham na IATF e geram um bezerro do cedo e ganhador de peso uma vez ao ano? Como se tornar um garimpador de eficiência?
A desmama é o ponto de partida da cria eficiente. É onde o criador ajusta os ponteiros do próprio rebanho e recomeça o trabalho de preparação da matriz ainda com cria ao pé para a próxima prenhez. É onde ele poderá modificar corrigir e programar novos processos porque tem a base do seu rebanho em mãos.
É a fase onde é possível obter o retrato da rentabilidade da produção e da terra. É efetivamente quando ele se dá conta do quanto ainda tem a aprender com o agricultor que, quando não faz seu trabalho bem feito, não colhe, ou quebra e vende a fazenda.
Revista AG
Este é o tema principal da Revista AG de março, que abre com o dia a dia de uma das fazendas referências no Brasil em cria, recria e produção de matrizes CEIP, a Sant´Anna do Apa. Na entrevista do mês, o administrador do negócio, Luiz Borges, detalha como ocorre o processo de gestão e a operação da propriedade, localizada na fronteira do Brasil com o Paraguai, no Mato Grosso do Sul.
A matéria de capa da edição, elaborada pela repórter Thaís D´Avila, apresenta formas de utilizar a época da desmama para acertar os “ponteiros” do rebanho. Também temos artigo do NESPro/UFRGS sobre a eficiência da cria, orientando o criador a encontrar o equilíbrio entre o peso do bezerro à desmama e a repetição de prenhez da vaca.
Apresentamos o Índice de ECC (iECC), recentemente lançado pela Embrapa, que identifica vacas com maior probabilidade de prenhez em IATF; abordamos as doenças oportunistas comuns durante a fase de cria, especialmente na desmama; destacamos como a marcação a fogo pode interferir negativamente no manejo e na produtividade dos animais a longo prazo e, ainda, como a eficiência nutricional durante a cria pode colaborar na condução de uma pecuária sustentável.