Coluna Total Clima, escrita pela metereologista, consultora de clima para empresas agrícolas, palestrante e com experiência em comunicação multimídia, participante do programa A Hora do Grão, Cátia Valente.
Caro leitor, nas últimas edições, eu venho falando do novo El Niño que está em formação no Oceano Pacífico Equatorial e cuja influência se daria a partir do segundo semestre, ou seja, entre a primavera e o verão 2023/24. No entanto, o “menino” tem pressa e está mostrando que vai influenciar o clima já neste inverno que se aproxima.
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Quando se fala em El Niño, o primeiro pensamento que vem à cabeça de todos é que vai chover mais no Sul do Brasil e chover menos no Norte e Nordeste. Sim, é real, mas não é apenas isso. Gostaria de salientar que esses fenômenos influenciam de forma diferente dependendo da época do ano em que atuam. Aqui no Brasil, por exemplo, ao longo do inverno (junho a setembro), a temperatura é a variável meteorológica mais afetada, como podemos observar na figura 1.
Figura 1: El Niño – Impactos globais
O que podemos esperar?
Que teremos El Niño já sabemos! A questão agora é determinar com acurácia a intensidade desse fenômeno e as consequências que podemos sentir a partir dessa configuração. Neste momento, a discussão é sobre a possibilidade de um fenômeno entre moderado e forte. Caso se confirme, e a possibilidade é grande, podemos esperar um inverno mais quente do que o padrão em todo o Brasil, com destaque para as regiões Norte e Nordeste, como o observado na figura 2.
Figura 2: Probabilidade de temperaturas
Já com relação à chuva, a expectativa, para os próximos meses, é de volumes ligeiramente acima da normalidade em boa parte da Região Sul, em especial nos estados do Paraná e de Santa Catarina. No Rio Grande do Sul, a tendência é de volumes em torno da média climatológica. Mais ao norte do Brasil, a previsão é de diminuição das precipitações com risco de volumes abaixo da normalidade conforme demonstra a Figura 3. Dito isso, e agora olhando num horizonte um pouco mais distante, me arrisco a dizer que, com a tendência de um El Niño forte, o padrão das chuvas vai se intensificando, ou seja, os volumes tendem a aumentar no Sul, com a chegada da primavera e diminuir entre o Norte e o Nordeste, enquanto as temperaturas se mantêm no padrão acima da normalidade. Portanto, o cenário para as próximas estações – inverno, primavera e verão – deve ser muito diferente do existente nas últimas. Você está preparado? Fique atento à previsão! Toda a semana, nós apresentamos as informações no Programa A hora do Grão – no canal do YouTube de A Granja Total Agro.