Agravamento da situação logística no Brasil, a China comprando soja nos EUA e o aumento das taxas de juros americanos foram elementos que direcionaram a soja em Chicago.
Diante de tudo isso, o contrato com vencimento em maio/23 finalizou a semana cotado a US$ 14,29 o bushel (-3,18%).
E o contrato com vencimento em julho/23 ficou em US$ 14,07 (-3,70%).
A logística interna do Brasil, principalmente, escoamento para os portos, tem sofrido um aumento na demanda.
Consequentemente, os preços refletem esse aumento devido à incapacidade de aumento da oferta de transporte rodoviário.
Esse gargalo logístico tem influenciado na queda dos preços da soja para os produtores e atrasando os carregamentos para os portos.
Além disso, os principais portos de escoamento de grãos estão operando em suas capacidades máximas.
No entanto, estão com grandes filas para embarque e desembarque de navios para transporte de soja.
Com a dificuldade de escoamento de grãos e a queda dos preços no mercado físico, muitos produtores estão optando por armazenar seus grãos.
Isso gera uma lotação dos armazéns, que, consequentemente, eleva os custos de armazenagem para os produtores.
Perante os problemas logísticos brasileiros, a China, maior compradora de soja no mundo, ainda em março focou suas compras para embarque em abril nos Estados Unidos.
Soja americana acompanha a brasileira
Segundo Ruan Sene, analista da Grão Direto, a soja americana vem caindo de preço justamente para ficar competitiva perante a soja brasileira.
E mesmo um pouco mais cara, para o país asiático compensa pagar um pouco mais para ter a soja embarcada dentro do mês de abril.
Essa fuga da demanda de curto prazo pode dar um alívio para os portos brasileiros.
Economia mundial
A moeda norte-americana teve uma semana de bastante oscilação, principalmente por causa de dados macroeconômicos vindos do mundo todo.
Assim, o dólar fechou a semana sendo a US$ 5,25 (-0,38%).
O Comitê de política monetária do Banco Central dos Estados Unidos (FOMC), em sua última reunião, definiu o aumento das taxas de juros do país para conter a inflação.
Elevou os patamares em 0,25 ponto percentual, à faixa de 4,75% a 5%.
Diante disso, o país busca uma meta de inflação de 2% no longo prazo. Porém, tem tido dificuldades por causa de sua economia se manter aquecida, como tem sido mostrado em relatórios de dados de geração de empregos.
Diante disso, o mercado ficou cauteloso em suas posições especulativas de longo prazo, o que causa grandes movimentações no curto prazo.
Avanço da colheita
Para esta semana, o mercado fica de olho nos dados sobre o avanço da colheita que será informado pelo relatório da Conab.
A colheita se mostra, atualmente, com 7% de atraso em relação à safra anterior.
Contudo, com a chegada do outono, a expectativa para as chuvas é que vão diminuindo, abrindo assim espaço para o avanço rápido da colheita.
Além disso, esse avanço pode acarretar ainda mais os problemas logísticos e de armazenagem, pressionando os preços para baixo.
Plantio americano
Com a proximidade do início da safra 2023/24 nos EUA, o mercado começará a direcionar mais atenção para o meio-oeste norte-americano.
Na próxima sexta-feira, dia 31, o USDA divulgará atualizações dos números de intenção de plantio de soja, que dará direcionamentos para as cotações em Chicago.
Dólar
Para o dólar, espera-se muita oscilação para a semana, visto que o mercado segue desconfiado com as incertezas sobre a solidez do setor bancário que se mostrou muito frágil ao aumento das taxas de juros norte-americanas.
Com isso, é de se esperar uma leve alta no câmbio do dólar.
Diante dos cenários descritos, pode ocorrer uma continuidade de queda nos preços da soja, tanto em Chicago quanto no mercado físico brasileiro.
Fonte: Grão Direto www.graodireto.com.br