As incertezas relacionadas ao potencial de produção brasileiro e argentino continuam limitando a realização de negócios no mercado doméstico de trigo.
Segundo o analista de Safras & Mercado Elcio Bento, com grande parte do cereal ainda no campo e a previsão de novas frentes de ar polar entre o final de agosto e setembro, os agentes estão reticentes em fechar negócios.
No Paraná, os moinhos seguem indicando valores entre R$ 1.400 e R$ 1.450 por tonelada no CIF.
No norte do estado, essa indicação chega, em alguns casos, a R$ 1.500 por tonelada.
O produtor, por sua vez, mantém as ofertas entre R$ 1.500 e R$ 1.600 por tonelada.
Destaca-se também o reporte de chegada de trigo paraguaio durante a semana, cotado entre US$ 275 e US$ 283 por tonelada.
“Com a nova alta do dólar nesta quinta-feira, esses patamares já não são competitivos”, disse o analista.
No Rio Grande do Sul, o ritmo também é lento.
Foram reportados negócios pontuais para trigo com PH 76 a R$ 1.350 por tonelada e PH 75 a R$ 1.300 por tonelada (retirada em setembro e pagamento em outubro).
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A safra nova está sendo indicada a R$ 1.200 por tonelada para moinhos gaúchos e a R$ 1.270 por tonelada no porto de Rio Grande, sobre rodas.
Estima-se que cerca de 150 mil toneladas da safra nova tenham sido negociadas, o que corresponde a menos de 4% da produção estimada no estado.
Paraná em colheita
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, informou, em seu relatório semanal, que a colheita da safra 2023/24 de trigo do estado atingiu 3% da área estimada de 1,155 milhão de hectares.
Ela deve ficar 18% abaixo dos 1,415 milhão de hectares cultivados em 2023.
Segundo o Deral, 56% das lavouras apresentam boas condições, 25% situação média e 19% ruins, entre as fases de crescimento vegetativo (15%), floração (23%), frutificação (34%) e maturação (28%).
No dia 5 de agosto, a colheita tinha 1% dos trabalhos concluídos, com 63% das lavouras em boas condições, 21% em situação média e 16% ruins, nas fases de crescimento vegetativo (22%), floração (24%), frutificação (33%) e maturação (21%).
RS em bom desenvolvimento
A ocorrência de geadas entre 12 e 14 de agosto, seguida pelo aumento das temperaturas nos demais dias, proporcionou condições favoráveis para o desenvolvimento vegetativo das lavouras de trigo do Rio Grande do Sul, especialmente das semeadas no final da janela recomendada de plantio.
No entanto, para as lavouras em fase reprodutiva, semeadas no início de junho, esse fenômeno climático pode ter causado danos que afetem o florescimento e a formação de grãos.
A avaliação das consequências só poderá ser realizada quando as plantas atingirem o estágio de maturação.
Porém, a tendência é de danos mínimos, uma vez que não houve precipitações subsequentes aos episódios de geada, o que mitigou o impacto das baixas temperaturas.
Argentina
As lavouras de trigo da Argentina têm condições variadas de umidade.
As que receberam chuvas devem ter suas condições melhoradas.
Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, no entanto, as áreas mais adiantadas podem não ter uma recuperação significativa.
Em algumas zonas, as baixas temperaturas e a falta de umidade provocaram demora no desenvolvimento e redução no estande de plantas.
A área é estimada em 6,3 milhões de hectares. No ano passado, foram plantados 5,9 milhões de hectares.
As lavouras se dividem entre boas condições (39%), médias (46%) e ruins (15%). Na semana passada, eram 41% boas. Em igual momento do ano passado, 23% boas.
Atualmente, 52% estão em déficit hídrico, contra 55% na semana passada e 30% um ano atrás.
Fonte: Safras & Mercado