Na Expointer, é comum ver pessoas montadas em cavalos e crianças se divertindo em cima de pôneis nos nove dias da feira. Na 46ª edição da maior mostra agropecuária da América Latina, no entanto, é possível ver búfalos de montaria. Soberano, de quatro anos, chama a atenção dos visitantes por ser o único exemplar da feira a estar selado.
O proprietário Marcos Bottega, de Araricá, conta que o exemplar da raça Murrah, foi adestrado desde os seis meses para a montaria. “Nosso objetivo é demonstrar que eles são mansos, desde que seja feito o manejo correto. Aqui não é tão comum ver búfalos em desfiles, mas no Norte do País, sim”, explica, destacando que a prática é comum em locais como a Ilha de Marajó, no Pará, que conta com muitas áreas alagadas e um grande rebanho de bubalinos.
Marcos afirma que é seguro montar em um búfalo desde que ele seja adestrado ainda nos primeiros meses de vida. “Eles ficam mais mansos que os demais bois”, completa.
Segundo ele, pelo fato de Soberano ser o único bubalino montável da Expointer, o passeio com o animal fica disponível apenas para os sócios da Associação de Criadores de Búfalos (Ascribu) — o que não impede os visitantes de interagir e fotografar o exemplar.
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Na Casa da Emater, há um espaço destinado à bubalinocultura como alternativa para a geração de renda nas pequenas propriedades. De acordo com a extensionista e médica veterinária da Emater, Cora Silveira, a criação de búfalos pode ser uma boa alternativa para gerar renda, pois são animais de dupla função – fornecem carne e leite –, são mais resistentes e o custo da criação e menor incidência de doenças e ectoparasitoses, como o carrapato. Além disso, não é um animal que precisa tirar leite diariamente, podendo a ordenha ser feita em dias alternados. “Não há problema de mastite, como acontece com os bovinos”, explica.
Os búfalos têm um sistema gastrointestinal mais favorável do que o dos bovinos, pois conseguem aproveitar melhor até mesmo a fibra grosseira das pastagens e reverter em peso de forma mais rápida que os bovinos. Em geral, a média de idade para abate é de 18 meses, chegando a 400 quilos ou mais.
A carne apresenta baixo teor de gordura, pois tem 55% menos colesterol, 40% menos calorias e 12 vezes menos gordura, quando comparada à do bovino. Outro fator destacado por Desireé foi o rendimento do leite, que apresenta o dobro do teor sólido do leite. “No bovino, por exemplo, a gente precisa de dez litros de leite para produzir um quilo de queijo. Já no búfalo, com cinco litros, é produzido o mesmo quilo de queijo”, ressalta Desireé, ao citar a burrata e a mussarela como os queijos considerados clássicos a partir do leite de búfalas.
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Na Expointer deste ano, estão expostos 60 animais das raças Mediterrâneo e Murrah. De acordo com a presidente da Ascribu, Desiree Möeller, são cerca de 50 mil cabeças — ou 0,5% do total do rebanho no RS. São cerca de 600 criadores, sendo possível encontrar grandes criações desde Uruguaiana até Camaquã. No entanto, Viamão, na Região Metropolitana, é o município com maior número de criadores. São 35 no total, embora o número de animais seja pequeno: 1,5 mil. “Criar búfalo é apaixonante. Eles são dóceis, resistentes e trazem uma boa rentabilidade ao criador”, completa Desireé, que é veterinária e desde 2018 tem uma propriedade em Itapuã e se tornou a primeira mulher a presidir a entidade.
Fonte: Expointer