Em um esforço conjunto, entidades ligadas ao setor produtivo da carne bovina buscaram desenvolver uma campanha para valorização desta proteína animal tão comum na mesa do consumidor gaúcho. O objetivo é dar início a uma integração profunda e melhorar resultados para a indústria e produtores.
Fazem parte do pool de entidades o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Rio Grande do Sul (Sicadergs), o Instituto Desenvolve Pecuária, a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), a Associação Brasileira de Angus, por meio do programa Carne Angus Certificada e a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB) com o programa Carne Hereford.
João Ghaspar de Almeida, presidente da Comissão de Relacionamentos Institucionais e Comerciais do Instituto Desenvolve Pecuária, disse que este é o passo número zero, após a realização do 1º Fórum da Cadeia Produtiva da Carne. Do evento, realizado em julho, surgiu um grupo de trabalho, que teve sua primeira reunião no final de setembro.
“A ideia do grupo de trabalho permanente é realizar um encontro mensal onde a gente pode trazer os dados, os anseios e as sugestões do setor. E com a realização desta campanha, resgatamos uma ideia que já havia na presidência do Sicadergs “, disse Almeida. Ele complementou dizendo que é preciso que produtor, indústria e varejo compreendam que precisam uns dos outros.
Ladislau Böes, presidente do Sicadergs, disse que o objetivo é fomentar o aumento do consumo de carne bovina, tão ligada aos costumes dos gaúchos. “Nossa carne é de extrema qualidade, tem um valor agregado”, destaca o dirigente. Contudo, segundo ele, tanto o custo de produção no campo, quanto na indústria é elevado. “Mais caro que em outros estados brasileiros, muitas vezes alcançando a diferença de R$ 5 reais no preço final”, esclareceu.
Böes destacou que o momento é um pouco adverso com relação ao consumo de carne bovina. “Assim como em todas as commodities, houve um aumento de preços e a carne bovina subiu muito. Em 2020, houve um grande consumo de carne quando entrou a pandemia. Em 2021 houve uma mudança deste consumidor e uma baixa do consumo agravada este ano 2022 pela inflação e queda no poder aquisitivo da população”, detalhou.
Sobre a queda no consumo, João Ghaspar de Almeida lembrou de uma frase do presidente da Farsul, Gedeão Pereira, que disse não acreditar que as pessoas não comem carne porque não querem comer carne. “Antigamente, tínhamos hábitos alimentares, o churrasco de domingo, o dia carne, e por causa do orçamento as pessoas tiveram que se reorganizar com relação à proteína e não só a carne vermelha”, afirmou. Segundo ele, há custos de produção que de alguma forma têm que ser repassados. “E a ótica é uma só, onde um elo se inviabilizar economicamente, isso poderá demorar um ano, dois ou três, mas isso poderá estourar esta cadeia”, alertou.
No primeiro vídeo da campanha, já veiculado pelas redes sociais de todos os participantes, é destacada a unidade em volta da mesa, a tradição de receber um amigo ou parente com uma carne de boa qualidade. “É isso que a gente precisa retomar. Sempre digo que churrasco é um cardápio que a gente faz quando está feliz”, afirmou Ladislau Böes. “Estamos aqui, vivos, e é motivo bastante para comemorarmos”, ressaltou o presidente do Sicadergs.