Nove pesquisadores brasileiros cravaram seu nome na história ao publicarem na capa do jornal inglês Molecular Omics, produzido pela Sociedade Real de Química, a mais conceituada e antiga do ramo no mundo, com 175 anos de existência, o artigo intitulado Metabolomics analysis reveals stress tolerance mechanisms in common bean (Phaseolus vulgaris L.) related to treatment with a biostimulant obtained from Corynebacterium glutamicum. Traduzido para o português, o título é “Análise metabolômica revela mecanismos de tolerância ao estresse no feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) relacionado ao tratamento com bioestimulante obtido do processo fermentativo de Corynebacterium glutamicum”.
Stephanie Nemesio da Silva, Luis Fernando de Oliveira, Alana Kelyene Pereira, Luidy Darlan Barbosa, Alessandra Sussulini e Taicia Pacheco Fill, do Instituto de Química da Unicamp; Rodrigo Alberto Repke e Rafael Leiria Nunes, da Rovensa Next Brasil; e Fabio Pinheiro, do Instituto de Biologia, também da Unicamp, centraram o estudo na metabolômica, cujo principal objetivo é fornecer uma melhor compreensão das vias bioquímicas envolvidas em diferentes processos biológicos a nível molecular.
A proposta deste inédito trabalho científico, publicado no dia 4 de dezembro, foi mostrar os efeitos do bioestimulante sobre o metabolismo das plantas. No caso, utilizou-se uma cultivar de feijão biofertilizada com um produto obtido da fermentação exclusiva da bactéria Corynebacterium glutamicum, cepa MQ06, em melaço de cana-de-açúcar. Esse é o único biofertilizante registrado pelo Ministério da Agricultura no Brasil até o momento.
O que é metabolômica?
Técnica utilizada a partir do final do século 20, a metabolômica pode ser definida como o estudo do conjunto de metabólitos de um determinado sistema biológico. “O metabólito é uma molécula de baixo peso molecular que pode ser tanto um simples rejeito celular como algum composto bioativo que realize uma ação dentro ou fora de uma célula”, explica Johana Rincones Perez, PhD e gerente global de Pesquisa & Desenvolvimento de Produtos Biológicos da Rovensa Next.
De acordo com a PhD, o conjunto de todas estas pequenas moléculas existentes num momento específico de um organismo é conhecido como metaboloma e sua interação entre diferentes organismos é onde atua a metabolômica. No caso do estudo em questão foi utilizada a análise metabolômica baseada em espectrometria de massas combinada à técnica de cromatografia líquida de ultraeficiência (UHPLC-MS/MS).
Efeitos de um bioestimulante na planta
Em resumo, a pesquisa concluiu que a concentração de metabólitos específicos aumentou na planta após a aplicação do bioestimulante, especialmente alguns lipídios, aminoácidos e flavonóides associados à tolerância das plantas a condições adversas, indicando um horizonte promissor para o uso dos bioestimulantes, considerando que várias regiões no Brasil e no mundo poderão experimentar condições climáticas com maiores períodos de seca no futuro.
Até o dia 15/01/2024, o acesso ao artigo estará disponível gratuitamente neste link