A Conab anunciou a estimativa de recorde na produção e exportação de proteínas (suínos, aves e bovinos) em 2023.
A expectativa é que a produção alcance 29,6 milhões de toneladas. O número foi anunciado em agosto.
E previsão de exportação é de 9 milhões de toneladas.
Mesmo com a alta no volume exportado, a disponibilidade de proteínas no mercado nacional será de 20,44 milhões de toneladas.
Um crescimento de 2,4% em relação a 2022.
Suinocultura
O recorde é reforçado pela suinocultura, com alta projetada em 2,7% em relação ao ano passado, para 5,32 milhões de toneladas.
A bovinocultura deve produzir 9 milhões de toneladas e o setor de aves, 15,21 milhões de toneladas.
O aumento da oferta de carnes no mercado interno tem auxiliado na redução de preços da cesta básica e ajudado no controle da inflação.
Tendência foi mantida
Mesmo com percalços como a guerra da Ucrânia em 2022, que encareceu o preço dos fertilizantes e o custo dos grãos (afetando consequentemente os setores de avicultura e suinocultura), a produção de carnes do Brasil manteve sua tendência de crescimento.
Durante a pandemia, o auxílio emergencial sustentou a demanda por carnes no país.
Porém, o segmento de proteínas enfrentou outros desafios, conforme explica o técnico do Departamento Econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) Thiago Rocha.
Com a retomada das atividades, após a fase mais crítica da pandemia, tivemos o advento da guerra na Ucrânia, entretanto, após alguns meses as coisas foram se acomodando e foi observado recuo do preço dos fertilizantes, um elemento imprescindível para a produção de grãos e, por consequência, diminuição dos custos para as cadeias produtivas dependente de grãos. Essa diminuição fez com que o setor produtivo mantivesse os índices de produção tanto para porco quando para frango.
Thiago Rocha, técnico do Departamento Econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp)
No estado de São Paulo, a maior contribuição para a produção nacional de proteínas é na produção de frangos e ovos.
A lembrar que a proteína mais consumida no país é a carne de frango.
O estado conta com o município de Bastos, por exemplo, que é a região considerada a capital dos ovos.
Segundo Rocha essa produção paulista ficou ainda mais relevante diante dos surtos de gripe aviária na Europa e nos Estados Unidos.
“Houve abatimento de muitos planteis em razão da condição sanitária. Tanto de avicultura de corte quanto de avicultura de postura. A oferta na Europa e nos Estados Unidos diminuiu. Porém, a demanda continuou a mesma e isso fez com que o Brasil, de maneira competitiva, conseguisse ocupar alguns espaços no mercado internacional”, afirma o técnico.
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Pecuarista pressionado
Sobre a bovinocultura, Rocha explica que o país vive a transição de fase do ciclo pecuário.
Isso porque, dois anos atrás, observou-se alta no valor do bezerro, fazendo com que o produtor apostasse na atividade de cria.
Porém, no atual momento, há excedente de animais prontos e queda da atratividade na atividade de cria, com a redução do valor do bezerro, que impulsionou grande abate de fêmeas, tanto vacas gordas quanto novilhas.
Além disso, a China, principal parceira comercial, logo no início do ano, freou temporariamente importação em decorrência de um episódio de BSE atípico, esses fatores combinados foram preponderantes para a queda do valor da arroba.
“O pecuarista de corte está pressionado, tendo de equalizar a conta dos investimentos, principalmente das compras de bezerro caro. Hoje esse pecuarista não está encontrando preço para equiparar aos investimentos. O ciclo pecuário no momento é o descarte de fêmeas”, avalia Rocha.
Fonte: Faesp