Coluna Zadra responde, escrita pelo zootecnista Alexandre Zadra.
Sou muito interessado em melhorar nossa vacada sem raça definida, mas mantendo a rusticidade e a docilidade. Quero colocar, nos bezerros, mais músculo e ganho de peso. Qual raça você indica? Manoel Santos – Litoral do Maranhão.
Bem, Manoel, como você não especificou as raças preponderantes no sangue do seu gado, vamos dividir em dois tipos de matrizes: as azebuadas (com mais de ¾ de sangue Zebu) e as taurinizadas (meio-sangue europeias).
Você está certo em manter a rusticidade ao clima quente e úmido do litoral maranhense, pois, sem a adaptabilidade e a consequente tolerância ao calor, não há como se produzir matrizes e bois eficientes nas condições de pastagens de sua região.
Outro aspecto a se explorar no cruzamento é a heterose ou vigor híbrido, como já destacado inúmeras vezes neste espaço. Então, além de buscar animais rústicos, devemos pensar em usar raças diferentes para que façamos uso dessa incrível ferramenta gratuita nos dada pela natureza.
Posto isso, podemos dizer que o primeiro biótipo supracitado (matrizes azebuadas), por já ser mais de 75% tropical (zebu) e, portanto, muito adaptada, pode receber sêmen de taurinos adaptados e de raças compostas por taurinos e zebuínos (como as 5/8 europeias ou o Montana).
Nesse caso, Manoel, você estará produzindo animais muito rústicos, ao mesmo tempo em que gerará altos níveis de heterose, contribuindo com a saúde do gado, bem como produzindo fêmeas muito férteis e precoces. Todos os produtos desse cruzamento terão boas carcaças e ganho em peso acima da média da região.
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Recomendo perfeitamente o uso do Beefmaster no sentido de gerar animais mais musculosos e que possuirão o mesmo metabolismo das mães; contudo, não indico o aproveitamento das filhas para serem ordenhadas, pois, mesmo possuindo sangue de Shorthorn, a qual, nos primórdios da pecuária britânica, era considerada uma raça de dupla aptidão, não terão alta capacidade de produção leiteira
Já se levando em conta que suas matrizes sejam taurinizadas, podemos dispor das raças zebuínas para cruzar com suas fêmeas, lembrando apenas que o cuidado deve ser redobrado para escolha de touros zebuínos que não gerem bezerros pesados ao nascimento, pois há maior registro de distocias (problemas de parto) quando se cruza reprodutor zebu e novilha taurina.
Outras opções para cruzar com suas vacas taurinas são o Senepol (mais precoce), o Caracu e o próprio Montana. Todas essas raças produzirão animais rústicos (pelo curto, liso e brilhante) e com alto grau de heterose retida.
Pergunta 2 – Gostaria de saber a vossa opinião sobre a utilização do Beefmaster na Europa e se teria alguma vantagem no cruzamento com matrizes leiteiras? Álvaro Henrique Pires Baptista – Portugal.
Temos que pela formação do Beefmaster (¼ Hereford ¼ Shorthorne ½ Zebu), ao utilizá-lo no cruzamento, agregaremos capacidade de ganho em peso e carcaças volumosas. E, dependendo do sangue das fêmeas acasaladas, pode-se, ainda, introduzir certa adaptabilidade.
No seu caso, Álvaro, podemos considerar suas matrizes taurinas com influência de raças ibéricas que apresentam certa tolerância ao calor do verão seco de Portugal. Ou seja, são fêmeas que ganham pelo no inverno e o perdem no verão, tal qual as raças 5/8 europeias.
Dessa forma, recomendo perfeitamente o uso do Beefmaster no sentido de gerar animais mais musculosos e que possuirão o mesmo metabolismo das mães; contudo, não indico o aproveitamento das filhas para serem ordenhadas, pois, mesmo possuindo sangue de Shorthorn, a qual, nos primórdios da pecuária britânica, era considerada uma raça de dupla aptidão, não terão alta capacidade de produção leiteira.
No entanto, as F1 Beefmaster produzidas em sua propriedade serão excepcionais matrizes de corte, com ótima precocidade e habilidade materna.
DICA IMPORTANTE DO ZADRA: lembre-se de que a diferença entre indivíduos é maior que aquela existente entre raças, assim use touros provados. Consulte um zootecnista de confiança.