Coluna Santo Capim, escrita pelo zootecnista, professor de pós-graduação na REHAGRO e na FAZU, consultor associado da CONSUPEC e investidor na pecuária de corte e leite, Adilson de Paula Aguiar.
Após o plantio, as sementes devem ser enterradas ou não? O ideal é enterrar, pois, se ficarem na superfície do solo, os riscos de haver falhas na germinação e, portanto, no estande de plantas, é grande. Isso porque elas podem ser levadas pelo vento (são muito leves), por águas das chuvas, insetos (principalmente formigas) e pássaros ou podem se desidratar pela exposição ao sol (um solo preparado, em um dia de primavera ou verão, com alta radiação solar, pode alcançar temperaturas acima de 50 graus nas horas mais quentes do dia).
O enterro das sementes tem sido realizado por compactação, com rolos compactadores ou com o rodado do trator (menores áreas) e por enterro, com grade leve ou niveladora totalmente fechada. Esses dois métodos são adotados quando a semeadura é feita a lanço em áreas mecanizáveis. Quando se usam plantadoras de grãos, elas têm mecanismos de abertura da linha, deposição também em linha, cobrimento e compactação.
Mas, se ocorrer a lanço, e as sementes não forem protegidas por compactação ou enterro, por exemplo, em áreas não mecanizáveis, mais uma vez, a taxa de semeadura deve ser aumentada em, pelo menos, duas a três vezes.
Para definir a profundidade de semeadura, é considerado o tamanho das sementes. Para aquelas pequenas e mais leves, tais como as das forrageiras dos gêneros Andropogon, Cenchrus, Cynodon, Panicum, Pennisetum, Setaria, tem sido recomendado uso de rolo compactador ou com o rodado do trator, compactando-as até 2 cm de profundidade. Já para sementes grandes e mais pesadas, tais como as das forrageiras do gênero Brachiaria, tem sido recomendado a grade niveladora totalmente fechada, enterrando-as de 6 a 8 cm de profundidade. Entretanto, nos plantios no cedo (no pó ou na poeira) e nos plantios no tarde, em regiões semiáridas e em solos arenosos, é prudente enterrá-las com grade niveladora totalmente fechada. Nessas condições, mesmo que a superfície do solo seque, ainda haverá umidade em maiores profundidades, aumentando a probabilidade de sucesso da germinação das sementes.
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Em muitas situações, o solo foi excessivamente preparado com arados, grades e ficou muito fofo. Nessa condição, é prudente compactá-lo antes para garantir uma profundidade de semeadura mais homogênea, evitando também erosões provocadas por chuvas fortes.
Mas o melhor mesmo é compactar o solo antes da semeadura, semear, enterrar as sementes com grade, seguida de compactação porque permite uma melhor distribuição das sementes em diferentes camadas de profundidade no perfil do solo, evitando assoreamento, colocando-as muito profundas ou as deixando expostas na superfície.
Em relação ao estande desejado de plântulas, as metas são entre 15 a 20 plântulas/m2 para Brachiaria e Cynodon, e entre 40 a 50 plântulas/m2, para forrageiras de hábito de crescimento ereto, tais como Andropogon, Cenchrus, Pennisetum e Setaria.
Em 31 anos de trabalho, presenciei várias vezes o pecuarista economizando, tanto na qualidade quanto na quantidade. Entretanto, o investimento em sementes certificadas de alto padrão, plantadas nas taxas de semeaduras adequadas, representa entre 4,6 e 14,3% do investimento no estabelecimento da pastagem.
Se a área for explorada para a produção de volumosos suplementares (fenos, silagens, pré-secados), esta será uma proporção do valor total investido em sementes. Mas, se for uma área que será explorada sob pastejo, será preciso construir infraestrutura (cercas, cochos, bebedouros) e aí o capital necessário na compra de sementes representará entre 1,8 e 6,3%. E, ao depreciar o investimento no estabelecimento da pastagem, o valor da compra de sementes irá representar entre 1,96 e 6,77% do custo fixo, se a área for explorada para a produção de volumosos suplementares; e de 1,1 a 3,92% do custo fixo, se for explorada sob pastejo. Ou seja, não há justificativa técnica nem econômica para economizar.