Durante o 32° Congresso Nacional de Milho e Sorgo, promovido pela Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas/MG, foi apresentada pela Embrapa a proposta de incentivo à expansão do sorgo no Brasil. A proposta foi apresentada também na reunião conjunta das Câmaras de Milho e Soja, do Ministério da Agricultura; na oportunidade, diversas dúvidas sobre a cultura e até mitos foram esclarecidas pelos pesquisadores, em particular por Frederico José Evangelista Botelho (Dsc. Agronomia/Fitotecnia).
Com o crescimento populacional até 2050, período no qual se estima que a Terra terá 9 bilhões de habitantes, a demanda por alimentos deve ser de 1 bilhão de toneladas de grãos. Uma parte importante desses grãos se destinará à produção de carnes; ao Brasil, cabe atender 40% desse crescimento. O milho, hoje, é o principal produto para a nutrição animal e sobre o qual recai uma demanda enorme. No Brasil, temos algumas limitações de zoneamento agroecológico ao plantio, ou seja, de forma prática, no caso do Mato Grosso, recomenda-se o plantio do milho segunda safra de preferência até a primeira quinzena de março. Sendo assim, o sorgo vem como uma alternativa complementar ao milho.
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O sorgo possui uma exigência por água muito menor que a do milho. Portanto, o produtor ganharia pelo menos 15 dias de plantio após o melhor período do milho para plantar o sorgo, obtendo ótimas produtividades. O sorgo tem ainda a vantagem de não ser um multiplicador de cigarrinhas, o que ajuda – e muito – no controle da praga, quebrando a ponte verde. O grande questionamento sobre o sorgo é se ele reduz a produtividade da soja na safra seguinte. Esse dito mito pelos pesquisadores não é uma realidade. Muito pelo contrário: o que ocorre é que muitos produtores plantavam o sorgo sem adubo nenhum. Dessa forma, ao se produzir, se exportam os nutrientes. Claro que, na safra seguinte, a soja sentirá falta do retirado, ainda mais que o sorgo fica sempre relegado às áreas marginais.
Hoje o sorgo é o quinto cereal mais produzido no mundo; o Brasil – com 1 milhão de hectares – é o oitavo produtor mundial. Mas o sorgo aqui poderia ter maior expressão em comparação ao milho, que passa de 20 milhões de hectares. Os pesquisadores dizem que, pelo menos, se 10% dessa área de milho plantada fosse mudada para o sorgo, se sairia do risco, obtendo maior produtividade e renda ao produtor. O sorgo é uma cultura versátil, podendo ser também utilizado para o consumo humano, alimentação animal com o grão, silagem ou pastejo, produção de vassouras e etanol.
O sorgo é cultivado exclusivamente na safrinha em áreas onde a janela de plantio do milho fica arriscada. A sua produtividade tem aumentado mesmo sendo plantado apenas de forma secundária e sem investimentos adequados. Ainda assim, a produtividade hoje é 2,7 toneladas/hectare. Os pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo são categóricos em afirmar que o sorgo tem um enorme potencial de crescer em produtividade, desde que se invista em tecnologia. A cultura é uma das melhores oportunidades de se incrementar a produção de grãos no Brasil, devido à sua flexibilização ao clima.
O Brasil tem seus desafios, e o mundo tem os olhos voltados para ele. O que se espera é que a produção cresça em produtividade e em áreas consolidadas, como as de pecuária de baixa utilização. O sorgo vem como uma alternativa por sua capacidade de deixar massa no solo. O seu manejo adequado só traz contribuições ambientais e econômicas às propriedades e seu fácil cultivo vem a contribuir com as culturas mais exigentes. O sorgo tem potencial para consumo. Pode ser distribuído inteiro aos animais que a eficiência é a mesma que triturado e, com isso, gerar economia. O que se precisa, neste momento, assim como para outras culturas – como o caso do trigo no Cerrado – é uma proposta de comunicação e de marketing para ampliar os conhecimentos sobre a cultura.
Cada cultura tem seus desafios. A dobradinha soja e milho tem dado muito certo, porém alguns desafios têm surgido. Se conseguirmos agregar outras culturas como o trigo do Cerrado e como o sorgo, sem dúvidas, teremos maior segurança na produção. A Embrapa tem gerado muito conhecimento nessas áreas. A instituição tem hoje inteligência e capacidade para geração de pesquisa enorme, mas, sem dúvidas, carece de recursos adequados para responder à pujança agrícola que é a brasileira. Sendo assim, parcerias público-privadas são uma bela alternativa para que se chegue, com rapidez, às respostas e à tecnologia de que os produtores necessitam.
O sorgo é uma cultura versátil, podendo ser também utilizado para o consumo humano, alimentação animal com o grão, silagem ou pastejo, produção de vassouras e etanol
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