Recentemente, em julho/22, publiquei, neste espaço, o texto “Palavras ao vento? Palestras e eventos…”, no qual eu comentava um pouco sobre as minhas frustrações ou certo cansaço com tantos eventos com as mesmas pessoas, mesmos assuntos e mesmos resultados (acanhados). Foi um texto de lamúria e também de algumas reflexões de alguém que já frequentou tantos eventos agropecuários e permitiu-se opinar ou divagar um pouco.
Hoje, volto à temática dos eventos, mas não por falta de ideias ou por insistência na mesma nota, tipo músico com pouco repertório. A minha gaita é cromada e cheia de registros; sobra recurso. Volto ao mesmo assunto porque, nesta primeira semana de novembro, ocorrerá, em Lavras do Sul (RS), o evento Universo Pecuária. Volto das cinzas e do desânimo que comentei e ponho muito boa expectativa de que viajaremos para um evento que vai desdizer tudo o que eu disse antes, vai me mostrar que eu estava redondamente enganado e que devo logo me retratar com os promotores de eventos – classe que trabalha tanto e que recebe palminhas de quem está perto e críticas de quem está mais distante. Já comentei com vocês dos grupos de palminhas? Se ainda não, logo trago esse assunto. Dos grupos de WhatsApp que se nutrem de palminhas e também de coraçõezinhos. Não há muito interesse em conversar. Bastam palminhas. Assunto que o Carpinejar saberá explicar bem melhor em alguma coluna.
Voltemos ao Universo Pecuária, ou ao UP como também é chamado. Lembro até de uma propaganda na Radiosul.net , em que a empresa prometia dar um “up” no seu negócio. Os ouvintes lembrarão. Pois bem, porque voltei a acreditar em eventos com o surgimento dessa nova opção? Porque estou acreditando que o UP vai entregar as mudanças e as inovações que promete no seu planejamento. Ou seja, será uma feira de trabalho e negócios e não um evento como tantas exposições em que os negócios ficam em segundo plano ao social ou festivo. Porque modelos de feiras da agricultura como a Expodireto, de Não Me Toque (RS), mostraram que esse sistema mais “profissional”, focado em negócios e conhecimento, é bem acolhido por público e empresas. Não acredito em repetição de modelos que fracassaram esperando resultados diferentes, mas os organizadores do UP estão propondo um formato novo para esse evento de pecuária e merecem crédito e apoio. Não está se repetindo o tradicional formato de eventos de pecuária somente com mais antecipação na divulgação, mais promoção ou uma identidade visual nova e bonita, mas está se propondo uma nova forma de fazer um evento em pecuária, baseado em conhecimento, negócios e cultura. Os 4 eixos temáticos serão: 1. Negócios, finanças verdes e sustentabilidade, 2. Educação, cultura e turismo, 3. Ciência, tecnologia e inovação e 4. Política, projetos e investimentos. Desculpas aos promotores do UP se estou simplificando demais a ideia.
Mas Velloso: por que em Lavras do Sul? É meio ruim de chegar e meio ruim para se hospedar…
Pois bem, essa dúvida eu tive e logo passou. Seguramente temos outras opções de cidades com mais infraestrutura hoteleira e com maior facilidade de acesso. Tudo depende de onde estamos, de onde partimos, mas concordo que Lavras do Sul não é caminho ou rota usual pra muita gente. O tema é que mais importante que o lugar são as pessoas. Ouvi de um cliente e não esqueci: “Negócio ruim com gente boa até pode ficar bom. Negócio bom com gente ruim não tem como ficar bom.” Talvez não seja exatamente assim o dizer, mas a lógica é essa. E, no caso de Lavras do Sul, as limitações de localização e infraestrutura são compensadas com sobra pelas pessoas que lá estão. O Sindicato Rural e as Feiras de Terneiros de lá são invejados por tantos de nós. Inveja boa, aquela de admiração. O pessoal pega parelho, como falamos, e as coisas acontecem.
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Voltando às minhas lamúrias e histórico de eventos pouco exitosos, lembro-me de muitos eventos de pecuária de corte realizados no Parque de Esteio – fora da Expointer – e que andaram bastante mal. Foram tentativas de exposições de outono, de leilões de reprodutores, de ciclos de palestras, etc. Na média, não andaram bem. E, falando assim, estou sendo generoso com o histórico. Na média, andaram bem mal. Era remate de touro sem catálogo, era remate de touro sem comprador, era até remate de touro sem touro. Em suma, estávamos num local ótimo, ao lado da capital, estação rodoviária, aeroporto, com Trensurb passando na frente, com rede hoteleira ampla, mas nos faltaram algumas pecinhas, especialmente o envolvimento e o comprometimento das pessoas nas atividades. Aqui citei Esteio como exemplo, mas cada um deve se lembrar de algum outro lugar bom que as coisas não aconteceram bem. Conclusão: o meu cliente que me ensinou sobre negócios e pessoas tinha alguma razão.
Outra coisa que tenho aprendido sobre negócios e oportunidades é que os contatos seguem valendo muito. Estamos digitalizados em tantas redes, plataformas e grupos, mas o velho sistema de indicações pessoais e contatos seguem valendo e funcionando muito. Então, vamos de mala, cuia, notebooks e smartphones para Lavras do Sul a fim de renovar contatos que estavam meio distantes e fazer novos com aquelas pessoas e possíveis clientes que estão perto de nós, mas que estavam longe de nosso negócio ou empresa. A nossa central de inseminação está indo para o ano 7 em 2023, mas noto ainda que muitos pecuaristas ainda não sabem que existimos, o que fazemos, quais serviços prestamos ou que ele pode ser um cliente ou nosso parceiro. Eventos profissionais e de negócios, como Universo Pecuária, irão nos ajudar nisso. Não tenho dúvidas.
Li no material de divulgação e gostei: o mundo está mudando. A pecuária está mudando. Universo Pecuária: Futuro, Negócios e Sustentabilidade.