Rui Alberto Wolfart
País com 3.287.000 quilômetros quadrados e uma população de 1,1 bilhão de habitantes. Se desigual socialmente, tem, no entanto, taxas de crescimento populacional, de renda e de economia que devem merecer atenção crescente do Brasil. Há anos, missões da Aprosoja MT ao Extremo Oriente cobraram fortemente do Governo Federal a colocação de adidos agrícolas nas principais embaixadas daquela região, devido ao potencial existente de negócios. Se, em 2020, as exportações daqui para a Índia atingiram US$ 2,9 bilhões, as importações chegaram a US$ 4,2 bilhões, levando a um déficit de 1,3 bilhão para o Brasil. Logo, é facilmente observável o potencial de crescimento de trocas que há entre esses países.
Ora, a Índia é a sexta maior economia do planeta e será a terceira em 2035, suplantando Alemanha, Japão e Reino Unido juntas. O crescimento da economia indiana, em 2022, será de 7,1%; enquanto a da China será de 3,5%. A média mundial será de 2,2%, o que, portanto, demonstra a pujança daquele país.
A ascensão da economia e da renda de sua população levará a crescentes importações de commodities alimentares, o que deveria provocar o Brasil a promover ação comercial mais agressiva, buscando diversificar seus mercados e diminuir a posição, pouco desejável, do tamanho das vendas para a China.
Não passou despercebido frente às análises estratégicas o papel exercido pela China com a ocorrência de doenças animais, desastres naturais, Covid-19, guerra na Ucrânia e os gigantescos movimentos nos mercados de insumos e de produtos agrícolas. Violando mercados ao impor barreiras
não tarifárias na importação de alimentos, restringindo fortemente as exportações de insumos essenciais como adubos, esse país tem provocado desequilíbrios globais e perda de renda à agricultura brasileira em especial.
O jogo pesado que os chineses vêm impondo ao Brasil deve servir de alerta para estratégias comerciais a serem desencadeadas para salvaguardar os interesses nacionais. Não é por outra razão que o Brasil precisa intensificar seu comércio com países como a Índia, além dos demais naquela região, entre eles Malásia e Indonésia.
Como afirma uma frase popular: não se colocam todos os ovos numa mesma cesta. Os 30 anos de globalização, com todos os acontecimentos recentes, levarão a uma reversão das cadeias globais de suprimentos, lembrando outra expressão: “Primeiro nós”. Infelizmente, tais práticas provocarão mais desigualdades sociais e afetarão países em desenvolvimento. Nossos governos têm o dever de casa para fazer, olhando as realidades internas de quem produz, de quem consome e dos mercados externos.
Engenheiro-agrônomo,
produtor de soja, milho e gado em
Nova Maringá/MT, especialista em
Administração de Empresas, autor do
livro Reflexões de um Alemão Cuiabano