A estiagem que afeta o sul do Brasil pode ter impacto significativo em pomares de macieira implantados neste ano. Isso porque provoca atraso do crescimento vegetativo e necrose de tecidos radiculares. O comprometimento no crescimento de ramificações é alto, sobretudo em pomares jovens de macieiras.
Além disso, pode ocorrer elevada mortalidade de plantas em certas localidades. O que provoca alta nos custos pela demanda de mudas para restabelecer o número de plantas por hectare desejado em cada pomar.
Manejo
A Embrapa dá dicas para minimizar estes efeitos em pomares novos sem sistemas de irrigação. Faz-se necessário o fornecimento periódico de água através de tanques pulverizadores.
Estes devem ser adaptados para fornecer água de forma localizada na área de projeção da copa. “Principalmente em locais do pomar cujos solos apresentam horizonte superficial raso ou com presença expressiva de cascalho”, diz a nota.
Para plantios realizados na primavera de 2021, sugerem-se aplicações frequentes de água em toda a área de plantio. Já para plantas com sintomas mais avançados de falta de água deve-se retirar todos os frutos da planta.
A ação vai minimizar as possibilidades de mortalidade dos pomares. Esses sintomas são: murchamento de folhas e frutos, amarelecimento e senescência de folhas, necroses de ramos.
Fertilizantes
A nota alerta que não são indicadas aplicações de fertilizantes foliares nestes períodos de estiagem. “Pois, além da baixa eficiência na absorção dos nutrientes, devido às condições microclimáticas no interior do pomar, podem ocorrer danos nos frutos e folhas. Estes decorrem da rápida concentração de sais dos fertilizantes logo após a aplicação.
As aplicações fitossanitárias e de fitorreguladores para uso na pré-colheita devem ser realizadas nos horários com temperatura amena e com umidade relativa superior a 50%. Assim aumenta-se a eficiência técnica.
Vale atenção a esse aspecto, pois no mês de dezembro/2021 foram registrados vários dias com índices de umidade relativa inferiores a 30% no período da tarde. O que resultou em alta perda evaporativa, que pode minimizar o tempo de contato dos defensivos agrícolas na superfície foliar, podendo repercutir em perda de eficiência.
Carga frutal
Considerando-se a elevada carga frutal em parte dos pomares das principais regiões produtoras, e a possibilidade de restrição hídrica para janeiro e fevereiro, o reajuste da carga frutal pode vir a ser executado mediante a retirada de frutos de menor interesse comercial (menor coloração, menor calibre e com presença de defeitos na epiderme).
Destaca-se que a continuidade da restrição hídrica poderá comprometer parcialmente o desenvolvimento da coloração vermelha da epiderme. E, principalmente, da massa fresca média dos frutos, dependendo da magnitude e da duração do período de estresse hídrico.
O parcelamento da colheita, com a retirada dos frutos de maturação mais avançada, seguido do uso de fitorreguladores para retardo da maturação pode ser uma alternativa nesse ciclo. Contudo, esse manejo deve ser priorizado em pomares localizados em regiões de solo mais profundo, e mediante a possibilidade de ocorrência de chuvas durante o período de colheita, para que a melhoria de calibre dos frutos seja efetivamente obtida.
Sintomas
Em determinadas situações, cuja capacidade de retenção de água no solo é menor, os sintomas se mostram mais severos. Há elevada abscisão e senescência foliar, murchamento de frutos e necroses de ramos. Em algumas situações constata-se a mortalidade de plantas adultas, dada à severidade da restrição hídrica nesse período.
O cultivo de macieiras no sul do Brasil, ocorre em clima subtropical úmido ou temperado suave. Nesta região, os volumes anuais de precipitação pluviométrica são superiores a 1.700 mm.
A região Sul do Brasil apresenta volume elevado de precipitação pluviométrica anual, porém a precipitação não é bem distribuída ao longo dos meses. Ocorrendo estiagem entre os meses de novembro e março. Esta condição é mais acentuada em anos de ocorrência do fenômeno La Niña.
Esta condição gera déficits hídricos no solo que afetam o desenvolvimento das plantas e a produtividade, gerando prejuízos. Para a cadeia produtiva da maçã, as consequências da estiagem se manifestam em pomares adultos e em pomares em formação.
Na principal região produtora de maçãs no RS os dados compilados pela Embrapa mostram que os volumes de chuva nos últimos meses são bem inferiores à média histórica. O que gerou déficit de 293 mm, representa 60% do volume normal para a região
No último decêndio de dezembro de 2021 e nos primeiros dias de 2022, houve aumento significativo da temperatura diária, ultrapassando os 30 °C em algumas localidades. A temperatura elevada, associada à alta radiação solar intensificou a frequência de frutos com danos de sol na epiderme. Em tecidos foliares, além da possibilidade de ocorrência de porções necrosadas, podem ser observados sintomas de deficiência nutricional, sobretudo do nutriente potássio.
Para as cultivares precoces, como Condessa e Castel Gala, além de clones de Eva, o estresse hídrico tem acelerado a maturação dos frutos, com aumento dos índices de abscisão em pré-colheita. Já para os clones de Gala, na maior parte dos pomares, o estresse hídrico não tem determinado avanço significativo da maturação de maçãs. Em situações de maior restrição hídrica são evidenciados sintomas de desidratação dos frutos e amarelecimento.