Soja
USDA estima estoques dos EUA acima do esperado
O relatório de junho do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que a safra norte-americana de soja deverá ficar em 4,510 bilhões de bushels em 2023/24, ou 122,74 milhões de toneladas, mesmo número apontado em maio. A produtividade foi indicada em 52 bushels por acre, sem alterações. O número ficou acima da previsão do mercado, de 4,505 bilhões. Os estoques finais estão projetados em 350 milhões de bushels, ou 9,12 milhões de toneladas, ante 335 milhões de bushels em maio. O mercado apostava em carry over de 336 milhões de bushels. O USDA indicou esmagamento em 2,310 bilhões e exportação em 1,975 bilhões, sem alterações. Para a temporada 2022/23, o USDA manteve a estimativa de produção em 4,276 bilhões de bushels, ou 116,38 milhões de toneladas. Os estoques finais foram estimados em 230 bilhões de bushels – 6,27 milhões de toneladas, ante 215 bilhões de bushels em maio. O mercado projetava estoques de 223 bilhões de bushels. O relatório projetou safra mundial de soja, em 2023/24, de 410,7 milhões de toneladas, ante 410,59 milhões em maio. Os estoques finais estão estimados em 123,34 milhões de toneladas contra 122,5 milhões em maio, acima do esperado pelo mercado, de 121 milhões. A safra brasileira foi projetada em 163 milhões de toneladas, mesmo número de maio. Para a Argentina, 48 milhões de toneladas, sem alterações. E a China deverá importar 100 milhões de toneladas.
Dylan Della Pasqua, dylan@safras.com.br
Milho
Colheita da safrinha engrena, mas exportação segue lenta
O mercado brasileiro de milho aproximou-se do final de junho com a colheita da safrinha começando a engrenar. De acordo com o analista de Safras & Mercado, Paulo Molinari, o ritmo dos trabalhos mostra-se mais lento frente ao ano passado, atingindo, no início da segunda metade do mês, pouco mais de 6% da área cultivada de 15,412 milhões de hectares. A tendência é de que haja um natural movimento de pressão nas cotações do cereal no Brasil, à medida que a oferta proveniente da maior safrinha da história, acima de 97,8 milhões de toneladas, vai chegando ao mercado. Molinari ressalta que o movimento de alta nos preços internacionais do milho – com as dificuldades registradas em alguns estados norte-americanos neste período inicial de desenvolvimento das lavouras – até contribuiu para a realização de alguns negócios envolvendo o cereal, mas o quadro de dificuldade logística deve seguir presente nos próximos meses. “O setor precisará se adequar ao quadro de exportação, uma vez que 40% da safra de soja seguem estocadas em armazéns, precisando ser escoadas”, sinaliza. Molinari destaca ainda que as boas chuvas ocorridas na segunda semana de junho poderão alongar os trabalhos de colheita da safrinha. “A colheita deve deslanchar em julho, mas grandes volumes de exportação de milho são esperados a partir de agosto, quando se espera que a soja libere mais espaços nos portos”, avalia.
Arno Baasch, arno@safras.com.br
Arroz
Trajetória de queda é estancada, mas dólar limita reação
O mercado de arroz brasileiro encerrou a primeira quinzena de junho com baixa atividade e indicativos apenas nominais, mas interrompendo a forte trajetória de queda nos preços. “A liquidez do mercado segue bastante limitada, com a exceção de negócios para exportação na região de Uruguaiana, onde foram relatadas transações de cerca de 80 mil sacas a um preço de, aproximadamente, R$ 80 por saca de 50 quilos livre ao produtor”, relatou, em meados de junho, o consultor e analista de Safras & Mercado, Evandro Oliveira. Ao todo, nos últimos dias, cerca de 200 mil sacas trocaram de mãos nesses patamares. Sendo assim, a média da saca de arroz no RS (58/62% de grãos inteiros e pagamento à vista) encerrou o dia 16 de junho a R$ 81,46, recuo de 0,53% em relação à semana anterior. Em comparação ao mesmo período do mês anterior, queda de 5,20%. E aumento de 12,82% ante o mesmo período de 2022. A reação esperada nas cotações do arroz ainda está condicionada às oscilações cambiais. “Entretanto, a moeda norte-americana permanece flutuando ao redor de R$ 4,80, patamar muito distante dos níveis ideais para impulsionar as vendas externas”, pondera o analista. Segundo dados da Secex, as vendas externas de arroz em casca atingiram apenas 1,6 tonelada até a segunda semana do mês de junho, enquanto as exportações do produto beneficiado alcançaram 5,2 mil toneladas.
Rodrigo Ramos, rodrigo@safras.com.br
Café
USDA aponta aumento na safra 2023/24, mas corta 22/23
A safra global de café em 2023/24 deve chegar a 174,3 milhões de sacas de 60 quilos, com incremento de 2,5% sobre a safra 2022/23, colocada em 170,02 milhões de sacas. A estimativa é do USDA em seu relatório semestral sobre a produção mundial. Como destaques, o consumo recorde estimado em 23/24 e as fortes reduções nas estimativas de superávit na oferta mundial em 22/23 e nos estoques finais 22/23. Segundo o USDA, aumentos na produção no Brasil e no Vietnã são esperados e devem superar a queda estimada na safra da Indonésia. As exportações mundiais são estimadas em 122,2 milhões em 23/24, 4,9% sobre 22/23 (116,418 milhões). A safra 22/23 mundial foi revisada para baixo em 2,7 milhões de sacas, já que o USDA, no relatório de dezembro, apontava uma colheita de 172,8 milhões. Já o consumo mundial deve chegar ao recorde de 170,233 milhões em 2023/24, +1,2% sobre 2022/23 (168,263 milhões). Aliás, o consumo mundial 2022/23 foi revisado para cima, já que, em dezembro, era indicado em 167,9 milhões de sacas. O superávit na oferta global em 2023/24 é estimado em 4,107 milhões de sacas. E os estoques finais totais de café em 22/23 deverão atingir 31,836 milhões de sacas, sendo que a indicação de dezembro era de 34,1 milhões de sacas. Já os estoques finais de café, em 23/24, devem cair para 31,582 milhões de sacas. A safra brasileira 23/24 está indicada em 66,4 milhões de sacas, 3,8 milhões de sacas a mais que em 22/23.
Lessandro Carvalho, lessandro@safras.com.br
Algodão
Mercado doméstico tem movimento mais fraco em junho
A primeira quinzena de junho foi de movimento mais fraco no mercado brasileiro de algodão. O comprador com menos interesse no disponível e o vendedor mais retraído acabaram travando as negociações. A fibra no Cif de São Paulo encerrou a R$ 4/libra-peso no dia 19 de junho. Na comparação com o mesmo período do mês passado, subiu 1,27%. Ante o ano passado, os preços recuaram 46,67%. O relatório mensal de oferta e demanda do USDA estimou a produção de algodão dos EUA, na temporada 2023/24, em 16,5 milhões de fardos, ante 15,5 milhões de fardos no mês anterior. As exportações deverão ficar em 14 milhões de fardos em 2023/24, contra 13,5 milhões de fardos no mês anterior. O consumo interno foi previsto em 2,2 milhões de fardos para 2023/24, mesmo patamar do mês anterior. Baseados nas estimativas de produção, exportação e consumo, os estoques finais norte-americanos foram previstos em 3,5 milhões de fardos para a temporada 2023/24, contra 3,3 milhões de fardos no mês passado. Na temporada 2022/23, foram 3,2 milhões de fardos. O USDA estimou a produção global de algodão em 116,72 milhões de fardos, ante 115,69 milhões de fardos no mês passado. Em 2022/23, ficou em 116,32 milhões. E as exportações mundiais foram estimadas em 43,75 milhões de fardos para 2023/24, contra 42,85 milhões no mês anterior. A estimativa para o consumo mundial é de 117 milhões, ante 116,23 milhões no mês de maio.
Sara Lane, sara.silva@safras.com.br
Trigo
Nova safra tem um bom desenvolvimento
O mercado brasileiro de trigo seguia com poucos negócios na segunda metade de junho. Os agentes mostravam-se cautelosos, estudando as melhores opções de ação neste período de entressafra. Conforme o analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, a tendência de queda dos preços parecia ter cessado. No entanto, estes seguiam pressionados pelo bom desenvolvimento da safra atual, pela retração do dólar e pela fraqueza nos referenciais internacionais. Assim, os moinhos, bem abastecidos, portanto sem necessidade de aquisições imediatas, pareciam levar vantagem. Por outro lado, os produtores vinham elevando suas pedidas no mercado interno, apesar da carência de argumentos fortes que baseiem essa postura de pouca flexibilidade de negociar em patamares menores. A presença de compradores internacionais e, até mesmo, do Nordeste no mercado gaúcho dava confiança aos vendedores. Enquanto isso, seguiam os trabalhos de plantio. Segundo Conab, a semeadura atingia 60% da área nos sete principais estados produtores até 20 de junho. Na semana anterior, eram 47%. Em igual momento do ano passado, pouco mais de 55%. No Paraná, conforme o Deral, o plantio chegava aos 83% até 20 de junho. Conforme a Agência Safras, as condições climáticas estavam favoráveis ao desenvolvimento de um modo geral. O plantio atingia 55% da área no RS. Em igual momento do ano passado, 57%. A média dos últimos cinco anos para o período é de 63%.
Gabriel Nascimento, gabriel.antunes@safras.com.br