O mercado da soja em 2023 teve um comportamento diferente do registrado nos últimos anos no Brasil.
Foi um ambiente mais desafiador para os produtores.
A constatação é do analista e consultor de Safras & Mercado Luiz Fernando Gutierrez Roque.
Em mais um ano de La Niña, havia apreensão de que o cenário registrado em 2022 voltasse a se repetir em 2023, com possíveis grandes perdas produtivas no Sul do Brasil.
“Mas, o que se viu foram grandes produtividades nas regiões Centro-Oeste, Sudeste, Norte e Nordeste, que acabaram compensando uma nova perda produtiva que se restringiu basicamente ao estado do Rio Grande do Sul”, destaca o analista.
“Que embora tenha registrado problemas (RS), teve uma colheita superior à registrada no ano anterior”, acrescenta.
Esse cenário resultou na maior produção brasileira da história, com uma safra ao redor de 158 milhões de toneladas.
Recuo das cotações
“Diante disso, a partir do início da colheita brasileira, os preços começaram a recuar em todo o país, com desvalorizações inéditas nos valores da saca”, lembra o Gutierrez Roque.
Tal fato assustou os produtores, que tentaram se retrair ainda mais na comercialização, à espera de preços melhores.
“Mas, de fato, tivemos preços cada vez menores durante o primeiro semestre do ano, o que trouxe uma grande perda de margem para a ponta vendedora”, lamenta o analista.
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Nem mesmo a histórica quebra produtiva da Argentina e uma demanda por exportação recorde no Brasil foram capazes de impedir uma queda acentuada nos preços internos brasileiros, visto o tamanho da produção nacional.
Esse ambiente negativo para os preços perdurou até o início do segundo semestre, quando as cotações voltaram a esboçar alguma recuperação devido aos problemas registrados na safra norte-americana, que trouxeram fôlego para a Bolsa de Mercadorias de Chicago.
“Apesar disso, os produtores brasileiros avançaram para o plantio da nova safra mais receosos devido às margens menores, o que resultou em um aumento de área em nível nacional mais tímido frente ao registrado nas últimas safras”, descreve.
Daí para frente, as atenções ficaram focadas no clima, com a chegada do fenômeno El Niño e seus possíveis impactos, que agora se mostram mais intensos do que os estimados inicialmente, trazendo dúvidas com relação a como será o cenário de preços em 2024.
Fonte: Safras & Mercado