Maior feira de agronegócio da região, a AgroBrasília trouxe para a edição 2023 temas atuais e de debate fundamental para produtores agrícolas e pecuaristas.
Além de sustentabilidade e mudanças na tributação, visitantes e expositores conheceram mais sobre o uso da Inteligência Artificial (IA) no campo.
Superintendente de Relacionamento com o Cliente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), Bruno Ferreira Vilela explicou, em palestra no Espaço Inovação & Negócios no Campo, o uso dessa tecnologia para troca e tratamento de informações.
“Por meio do treinamento de imagens, é possível dizer para a Inteligência Artificial o tipo de solo ou de vegetação para que, a partir das próximas, a Inteligência diga as condições daquela área”, explica Bruno.
Em um momento em que a sociedade acompanha a chegada de chatbots de diálogo, como o ChatGPT, o uso dessas inovações no agro se mostra mais simples e realista.
“Existem sensores tecnológicos para dizer se o solo está úmido ou seco. Há, também, propriedades que já foram mapeadas para uso de maquinários autônomos, movidos por satélite seguindo essa programação”, destaca o superintendente.
Imagens registradas via satélite são monitoradas com essa Inteligência treinada. Os dados fornecem indicadores essenciais para o atendimento de regras e normas ambientais, além de direcionar as necessidades específicas para aplicações pontuais de bioquímicos.
Internet das Coisas (IoT)
Superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Distrito Fedeal (Senar-DF), Eduardo Schulter confirma que o uso da Internet das Coisas (IoT) facilitou processos.
Por meio de ferramentas tecnológicas, é feito o treinamento de colaboradores para manejo e uso de máquinas. “Além de mapear a propriedade, é possível avaliar possíveis modificações na produção. Esses equipamentos fortalecem a agricultura de precisão, que já é uma tendência no nosso ramo”, defende Schulter.
Visão 360º do ambiente
Uma plataforma desenvolvida pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) permite uma verdadeira imersão por meio da visão 360º do ambiente.
Com uso de óculos de realidade virtual, o pecuarista, o agricultor e os colaboradores têm acesso a cursos tutoriais rápidos e detalhados, que mostram o passo a passo das etapas da produção.
Drones também já estão integrados. Esses equipamentos são usados no registro de imagens para rastreamento, além de permitir a fertilização e a pulverização pontuais, sem comprometer toda a lavoura.
Na pecuária, o monitoramento constante contribui na garantia da segurança alimentar. Cada animal possui um registro, e o acompanhamento desses dados previne situações de doença e permite uma rápida reação em caso de intercorrências. Agilidade é fator essencial para preservar a economia, segundo Bruno Vilela.
“Temos as soluções que conseguem isolar a amostra e enviar para laboratórios credenciados. Em termos de tecnologia, o cruzamento de dados impede que a situação avance”, relata.
Já os carros autônomos ainda não são uma unanimidade.
Gerente-Geral da unidade de Brasília do Instituto Eldorado de Ciência e Tecnologia, João Marcos Paixão explica que esses avanços dependem da maior conectividade no meio rural.
“Os trajetos no campo são lineares e definidos. Portanto, essa é uma possibilidade bastante viável. Mas a questão energética ainda é um desafio à instalação desses equipamentos, de modo que funcionem sozinhos por muito tempo”, ressalta.
Outra lacuna a ser superada é a geração de baterias de alta performance sustentáveis, para operação de veículos agrícolas elétricos.
Segundo Paixão, as pesquisas continuam e os impactos do uso das tecnologias serão mais bem observados quando a produção chegar ao consumidor final, com melhores resultados econômicos e sustentáveis.
Fonte: AgroBrasília