Depois da confirmação do primeiro caso de positivo para Encefalite Equina do Oeste (EEO) no Rio Grande do Sul, Secretaria da Agricultura do Estado reforça a importância da prevenção. A doença não é nova e está presente no país, mas não vinha sendo registrada no Rio Grande do Sul nos últimos anos e possui vacina não obrigatória. Por isso a recomendação é a vacinação dos equinos, especialmente na região onde foi constatado o caso.
Conforme o professor titular da disciplina de Clínica Médica de Equinos da Universidade Federal de Pelotas, Carlos Wayne Nogueira, outra medida de prevenção é o controle do mosquito. Com as alterações climáticas, e o excesso de chuvas registrado nos últimos meses, houve a proliferação de mosquitos como o Culex spp ou Aedes spp, que transmitem a doença.
“A maior profilaxia é, sim, a vacina. Mas os cuidados com a água parada – que pode servir como reservatório para as larvas dos mosquitos – também contribui para evitar a transmissão. É como a lógica da dengue, acaba trazendo a possibilidade da doença para mais animais e para humanos, mas a questão é mais no campo do que na cidade.” Nogueira explica que os cavalos são sentinelas para humanos, então é registrado um caso em equinos é preciso ficar atento. “Repelentes para evitar a picada em humanos e também em cavalos encocheirados, já que para animais a campo o custo é muito alto. O uso de telas também é recomendado nas casas em regiões onde forem registrados casos da doença.”
O professor afirma que o vírus pode estar presente em aves migratórias, que migram da América do Norte para a América do Sul. Então o reservatório é nelas e o vírus é aquecido, como a gente chama, ele é potencializado nessas aves”. Em humanos, a ocorrência é muito rara, mas já há casos no Uruguai e na Argentina.
A situação da doença vinha sendo monitorada desde o final do ano passado, depois de ocorrências no Uruguai e na Argentina. O caso gaúcho foi registrado no município de Barra do Quaraí, na Fronteira Oeste.
A amostra foi coletada no dia 15 de dezembro e enviada ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Minas Gerais (LFDA/MG). O Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal (DDA/Seapi) acompanha com atenção, desde o ano passado, os casos de EEO confirmados na Argentina e mantém vigilância e nível de atenção em todo o Estado.
Como acontece
A EEO é causada pelo vírus do gênero Alphavirus, e a transmissão se dá pela picada do mosquito vetor Culex spp. ou Aedes spp. Embora seja considerada uma zoonose – isto é, uma doença que pode acometer animais, mas também humanos –, a transmissão não acontece entre os equinos ou entre equinos e humanos.
A doença afeta o sistema nervoso dos equinos e os sinais clínicos mais comuns são: febre, conjuntivite, cegueira, sinais neurológicos, caminhada em círculos, dificuldade em permanecer de pé, falta de coordenação motora e dificuldade de engolir, entre outros.
“O Serviço Veterinário Oficial atua de forma permanente no atendimento a todos os casos suspeitos por meio do Programa Estadual de Sanidade Equina. Como não há transmissão da doença entre os animais ou do equino para o ser humano, não haverá interdição de propriedades ou restrições de eventos agropecuários”, destaca o diretor-adjunto do DDA/Seapi, Francisco Lopes.
Prevenção
O foco principal para prevenção da enfermidade em animais e humanos se baseia na redução da população de insetos vetores.
Não existe tratamento específico para a cura do animal, mas há vacinas disponíveis que podem ser eficazes na prevenção, embora elas não sejam obrigatórias nos protocolos sanitários vigentes. Além disso, não é necessário sacrificar o equino contaminado pelo vírus, pois alguns animais podem se recuperar.
Notificações
Os proprietários de equinos que perceberem sinais clínicos suspeitos devem notificar o Serviço Veterinário Oficial (SVO-RS) por meio das inspetorias de Defesa Agropecuária ou pelo Whatsapp (51) 98445-2033.
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